Desmatamento: colocando alguns ‘pingos nos is’

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O jornalista Claudio Angelo deu-se ao trabalho de contra-argumentar factualmente um artigo de Xico Graziano – ex-secretário do meio ambiente de São Paulo – que distorce fatos e números do desmatamento.

No artigo publicado na 5a passada, no site Poder 360, o ex-secretário afirma que “quando o governo, ou o INPE, divulga os dados sobre desmatamento na Amazônia, ele normalmente se refere ao território geográfico da Amazônia Legal (os 9 estados que a compõe)”.

Claudio, pacientemente, explica no mesmo Poder 360 que Xico incorre num erro primário: os dados do INPE se referem exclusivamente às áreas de floresta na Amazônia. Os cerrados e campos são considerados “não floresta” (…) e a metodologia do sistema PRODES é aberta e pode ser consultada aqui.”

Em outra passagem, Xico afirma que, diante do tamanho da Floresta Amazônica (4,2 milhões de km2), o desmatamento de mais de 400 mil km2, ocorrido entre 1988 e 2017, não é assim tão grande, ao que Claudio rebate dizendo que a área equivale a “três Inglaterras e uma Bélgica.” Claudio lembra também que, se for somado o desmatamento infligido desde o descobrimento, a floresta já perdeu 20% de sua cobertura.

Em outro trecho, Xico repete o mantra do agronegócio que atribui o desmatamento “à motosserra dos pobres assentados de reforma agrária tanto quanto atende aos perversos madeireiros dentro de áreas que deveriam estar protegidas.” Porém, Claudio lembra que, segundo os dados do INPE, “63% da área perdida de florestas virou pastagem ocupada com um boi por hectare ou menos. Outros 20% estão abandonados.”

Para Claudio, “o desmatamento precisa ser tratado pelos agentes públicos e privados como uma falha de mercado, não como uma necessidade do sistema. Se o agro é tão “tech” quanto se vende, já deveria ter entendido que inteligente é não desmatar.”

 

ClimaInfo, 13 de agosto de 2019.

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