Há uma sobreposição quase perfeita entre a localização de frigoríficos de carne bovina, a localização de fazendas de gado e a localização de incêndios que se espalharam pela Amazônia entre agosto e outubro. Um trabalho conjunto do jornal inglês The Guardian e o Bureau of Investigative Journalism (BIJ) revelou que os incêndios foram três vezes mais comuns nas área de criação de gado do que no resto da Amazônia. A matéria do The Guardian explica como foi feito o trabalho, que contou com a ajuda do Imazon para identificar 128 frigoríficos e estimar as áreas de onde o gado provavelmente é comprado. Somados, os dados criam um quadro convincente das áreas da Amazônia onde o gado está sendo criado para a produção de carne bovina. A segunda parte foi mapear os dados do arquivo de alertas de incêndio da NASA para a Amazônia e constatou que, dos 554 mil alertas de julho a setembro, cerca de 376 mil – cerca de 70% – estavam nas zonas de compra estimadas, apesar de essa área cobrir muito menos da metade da Amazônia Legal. Desses alertas, cerca de 250 mil aconteceram em áreas de influência da JBS, 80 mil nas da Marfrig e 66 mil nas da Minerva, sempre levando em conta que há muita superposição de áreas de influência de matadouros de empresas diferentes.
As empresas, procuradas, disseram que não compram gado de áreas não sustentáveis, mas admitiram que não conseguem controlar as transferências do rebanho ao longo do seu ciclo de vida.
ClimaInfo, 11 de dezembro de 2019.
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