Petrobras menos sustentável do que as irmãs petroleiras e reduz emissões por encolher

Petrobras

Saindo da crise da Lava Jato, o plano da Petrobras é quase que exclusivamente voltado para a exploração do pré-sal e de outras bacias petrolíferas. Se isso faz sentido para alguns acionistas, analistas do mercado dizem que a empresa está ficando cada vez mais para trás quando comparada com irmãs como a Shell e a BP. Estas últimas veem o futuro fóssil cada vez menor e começam a investir em renováveis, se apresentando como empresas de energia e não de petróleo e gás. Por exemplo, a Shell declarou ter investido 10% do seu orçamento em renováveis, um total de US$ 2 bilhões. A Petrobras alocou  US$ 70 milhões. Nymia Almeida, da agência de rating Moody’s, disse que “não acha que [a Petrobras] esteja investindo o suficiente [em renováveis] e isso pode ser um perigo porque os investidores e os banqueiros estão restringindo o investimento em empresas que não investem em energia verde.” Sergio Barros, da Universidade Federal Fluminense, olha para o programa de desinvestimento da Petrobras que está saindo de praticamente todo negócio que não a exploração de óleo e gás e entende que “o foco no petróleo não é uma estratégia voltada para o futuro.” A matéria é do Financial Times.

A coluna de Míriam Leitão, n’O Globo, também falou da empresa, lembrando que ela ainda é a petroleira mais endividada do mundo, na esteira dos malfeitos levantados pela Lava Jato. Fala também dos planos de reduzir suas emissões na extração do óleo, basicamente parando, ela mesma, de queimar o gás natural associado. O plano é aumentar a reinjeção e trazer o restante do gás para a costa e vendê-lo. Cabe lembrar que, para a atmosfera, vender ou queimar o gás dá praticamente no mesmo em termos do aumento da concentração do CO2 atmosférico.

Em tempo: A ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) diz que a produção de petróleo no ano passado passou, pela primeira vez, de 1 bilhão de barris. Segundo a EPA (agência ambiental americana), a queima de um barril de petróleo emite 0,43 tCO2e. Portanto, a produção de 2019 corresponderia à emissão de 430 milhões de tCO2e. Para comparar, segundo o SEEG, o desmatamento na Amazônia emitiu um pouco mais: 550 milhões tCO2e. Na verdade, o petróleo é refinado e parte de seus subprodutos são queimados, parte vira produtos da indústria petroquímica, como plásticos.

 

ClimaInfo, 24 de janeiro de 2020.

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