Coronavírus pode estar apressando o fim da idade do petróleo

3 de abril de 2020

O tamanho do tombo varia conforme o analista, mas ninguém tem dúvida de que o setor do petróleo virou uma página. A Agência Internacional de Energia (IEA) fala que “a crise de hoje chega num momento em que as empresas de petróleo e gás começavam a se haver com as implicações da transição energética em suas operações e em seus modelos de negócios. Mas parte das angústias da indústria em relação ao futuro foi bruscamente trazida para o presente. Embora a demanda por petróleo deva se recuperar quando a crise se acalmar, [o tombo] pode acelerar algumas mudanças estruturais na forma como o mundo consome petróleo.”

Outros, como Kari Due-Andresen, do banco norueguês Handelsbanken, acham que, mais que páginas, o livro está sendo fechado. Ele disse ao Financial Times: “A era do petróleo, ou os dias bons para o setor petrolífero, se foram (…) Vamos ter que reinventar a economia”.

Ontem, os mercados tiveram um respiro após Trump ter dito que havia conversado com russos e árabes e pedido para que eles parassem de brigar. As cotações do barril subiram um pouquinho. Mas, ontem mesmo, segundo o Financial Times, Dmitry Peskov, porta-voz de Putin, avisou que as conversas com a Arábia Saudita “não começaram” e que “nem estão planejadas”, e acrescentou: “Até agora, ninguém começou a falar sobre nada específico ou mesmo abstrato.”

Assim, está ficando mais comum encontrar especialistas do mercado de petróleo concordando com a inevitabilidade da transição para fontes mais limpas.

Fares Kilzie, uma autoridade na indústria petroquímica russa, escreveu um artigo na Oil Price dizendo estar “confiante de que o caminho verde será mais forte do que nunca depois de passado este acidente. Os investidores entenderão que todas as fontes verdes de energia, como eólica, solar e hidrogênio, são muito mais seguras e muito mais sustentáveis para se investir. Os investimentos arriscados, inviáveis e inseguros em hidrocarbonetos simplesmente desaparecerão para sempre. É verdade, mas triste, que os sintomas, síndromes e sinais da COVID-19, assim como seus resultados para a humanidade são muito parecidos com o que está ocorrendo na economia mundial. O vírus ataca fatalmente galhos mais velhos e cronicamente doentes, deixando aqueles jovens e saudáveis para viver e prosperar por muito tempo.”

 

ClimaInfo, 3 de abril de 2020.

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