Até ontem, 3 indígenas de etnias diferentes haviam morrido de COVID-19. Só nesta semana, o número oficial de infectados subiu de 9 para 23, dos quais 21 no estado do Amazonas. O boletim da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) diz que há outros 23 casos suspeitos.
Uma das maiores preocupações é o encontro destas populações com garimpeiros ilegais que possam estar contaminados. Após a morte de um adolescente Yanomami, segundo o O Globo, a Hutukara Associação Yanomami declarou: “Agora sabemos que existe o risco da comunidade Helepe estar contaminada pela doença e ela pode continuar subindo o rio junto com os garimpeiros. O vírus pode invadir nossa terra, junto com os invasores que buscam o ouro”.
Márcia Oliveira, no Amazonas Atual, conta o drama que começa a ser vivido pelos Povos Indígenas diante da COVID-19: “Não restam dúvidas de que a circulação indiscriminada e irresponsável de garimpeiros, madeireiros e ‘missionários’ negacionistas coloca em risco de genocídio os Povos Indígenas da Amazônia ameaçados pelo coronavírus. Sem atenção suficiente dos governos locais, os índios estão reagindo com iniciativas próprias de proteção às suas comunidades, impedindo a entrada e a circulação de estranhos, mantendo o isolamento como comportamento fundamental e aprendizado ancestral na luta contra doenças ‘trazidas pelos brancos’ que os afetam desde a colonização.”
Em tempo: Em carta publicada ontem pela Science, Lucas Ferrante e Philip Fearnside, do INPA, afirmam que o governo brasileiro tem a enorme responsabilidade de impedir que os Povos Indígenas sejam contaminados pela COVID-19: “O governo brasileiro deve tomar medidas na Amazônia para proteger essas pessoas ao invés de permitir que missionários evangélicos entrem em contato com grupos indígenas isolados; todos os meios de transporte para essas áreas devem ser restritos.”
ClimaInfo, 17 de abril de 2020.
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