Efeito da pandemia sobre Povos Indígenas pode ser devastador. Quilombolas também são bastante vulneráveis

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Mais de 81 mil indígenas correm sério risco de morte caso contraiam a COVID-19. O número vem de um estudo de um grupo de antropólogos e geógrafos liderados por Marta Azevedo, da UNICAMP e ex-presidente da FUNAI.

O grupo analisou o grau de vulnerabilidade dos Povos Indígenas levando em conta variáveis demográficas, como idade e gênero, e a média de moradores por domicílio. Outro fator considerado é a localização de cada grupo e as distâncias até postos de saúde e hospitais equipados com UTI e respiradores.

A matéria de Felipe Gutierrez, n’O Globo, mostra um mapa com as 6 regiões onde o grau de vulnerabilidade é crítico. Dentre elas, as terras Yanomamis e dos altos rios Tapajós e Xingú.

Erisvan Guajajara e Renata Tupinambá, na Folha, denunciam o estado de abandono dos Povos Indígenas frente ao coronavírus. Segundo os autores, 8 indígenas morreram da doença, enquanto o número oficial parou em 5. “Os mais velhos alertam que certas coisas não são negociáveis, como o nosso direito ao bem-viver em nossos territórios ancestrais, do nosso modo, dentro da nossa autonomia. Estamos interligados nesse bioma pleno de oxigênio, mas nos deparamos com uma sociedade dita civilizada que divide predatoriamente pessoas por classes sociais. Nessa divisão, alguns recebem assistência e outros são esquecidos à própria sorte, apesar de sabermos que todos poderiam ser tratados com dignidade. Os povos que são apontados como “atrasados” – Povos Originários e Comunidades Tradicionais – são invisíveis para os que movimentam a grande máquina econômica, que apenas existe por explorar o suor e recursos naturais dos que são feitos de invisíveis.” Eles falam de campanhas de contribuição e se referem a outra matéria da Folha com indicações de como ajudar.

As Comunidades Quilombolas também estão vulneráveis. Uma notícia da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ) diz que já houve 6 mortes em comunidades em Pernambuco, Amapá, Pará e Goiás. A CONAQ chama atenção sobre os dados revelarem “uma alta taxa de letalidade da COVID-19 entre os Povos Quilombolas e uma grande subnotificação de casos. Situações de dificuldades no acesso a exames e denegação de exames a pessoas com sintomas têm sido relatadas pelas pessoas das comunidades.”

 

ClimaInfo, 24 de abril de 2020.

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