Mudança climática impacta produção de grãos

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O crescimento da produção mundial de grãos das últimas décadas serviu para manter os preços dos alimentos dentro de uma faixa estável, para alimentar uma população maior e para aumentar a expectativa de vida mesmo nos países mais pobres do planeta.

Muito desse crescimento se deu sem um aumento correspondente na área dedicada às lavouras, mas por um sistema mais eficiente de produção. 60% da produção mundial de alimentos vem de apenas cinco países: China, EUA, Índia, Brasil e Argentina. Mais, a dieta humana é fortemente dependente de apenas quatro grãos: arroz, trigo, milho e soja. Essa dupla concentração de produtos e lugares está por trás do aumento de eficiência da produção, mas traz no bojo um risco maior de ruptura. A miríade de consequências da mudança do clima ameaça romper esta estabilidade.

Na África, neste ano, após uma sequência de anos secos que comprometeram a fertilidade dos solos, um ano extremamente chuvoso provocou inundações e deu condições para o surgimento de seguidas nuvens de bilhões de gafanhotos. A produção no leste do continente desabou.

No relatório da consultoria McKinsey sobre “Riscos climáticos e respostas: Riscos físicos e impactos socioeconômicos”, publicado durante a semana, a McKinsey examina o futuro da produção de grãos ao redor do mundo. Os analistas mostram que a probabilidade de ocorrência de uma “ampla falha da cesta de grãos” – definida como uma falha global num certo ano de mais de 15% em relação à média – passará de 1%, nos últimos 20 anos, para 2%, nos próximos dez anos, e para 5%, até 2050, variações que terão impactos socioeconômicos significativos.

Especificamente para os 4 grãos, o relatório estima que há uma probabilidade de 18% de uma falha nas lavouras até 2030, e de 34% até 2050. A se confirmar a previsão, os preços disparariam e colocariam em risco a sobrevivência de quase 1 bilhão de pessoas.

O trabalho examinou riscos climáticos como secas e inundações, mas não colocou uma lupa nas consequências climáticas do desmatamento de floresta tropicais. A Bloomberg comentou o trabalho.

 

ClimaInfo, 25 de maio de 2020.

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