Faroeste bolsonarista na Amazônia

Amazônia

Assistimos na Amazônia a estranho movimento do governo federal. Por um lado, os órgãos de fiscalização ambiental são esvaziados como nunca antes em sua história, perdendo não apenas orçamento e pessoal, mas também o reconhecimento do próprio presidente da República, que os encara como um estorvo ao progresso da região. Por outro, o governo abre caminho para que os militares assumam as tarefas destes órgãos, gastando em mais ou menos um mês todo o orçamento anual do Ibama, por exemplo, para obter resultados mistos.

Como bem colocam Marcio Astrini e Suely Araújo, do Observatório do Clima (OC), em um artigo certeiro no El País, a estratégia do governo Bolsonaro no combate ao desmatamento é a falta de uma. Depois de um ano de números alarmantes de desmatamento e queimadas na Amazônia, poderíamos esperar que o governo buscasse se preparar para evitar uma repetição do desastre no ano seguinte. No entanto, no Brasil do “E daí?”, tivemos o oposto: cortes orçamentários, diminuição de equipes, militarização de órgãos como o ICMBio, e a demissão de profissionais pela simples razão de fazer seu serviço com seriedade e resultado.

“A contradição, insanável, é a necessidade de evitar sanções econômicas ao Brasil pela destruição da floresta e de seus Povos e, ao mesmo tempo, atender aos caprichos de um presidente da República que quer destruir a floresta e seus Povos”, reforçam os autores. “Bolsonaro se elegeu com a promessa de liberar as terras e os minérios da Amazônia à pilhagem. Para isso, precisa tirar do caminho as ONGs, que denunciam os crimes de seus aliados, os indígenas, que protegem as terras que se deseja ocupar – e o Ibama, que desagrada por fazer cumprir a lei”.

 

ClimaInfo, 27 de maio de 2020.

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