A pandemia não pode atrasar a ação climática

2 de junho de 2020

O adiamento da Conferência do Clima de Glasgow (COP26) para novembro de 2021 não deve servir de justificativa para que os países adiem também as ações necessárias para conter o aquecimento do planeta e evitar os piores efeitos da crise climática.

Para Rita Issa, médica inglesa e uma das signatárias da carta encaminhada por organizações de profissionais de medicina e saúde pública aos países do G20 no mês passado, mesmo com a pandemia ainda atingindo boa parte do mundo, não podemos perder de vista aquela que será a “maior ameaça à saúde global no século XXI”, a crise climática.

“Em um nível superficial, esta decisão parece razoável no contexto de uma pandemia global e das restrições à circulação que impedem a participação dos líderes mundiais. No entanto, não precisamos de muito conhecimento sobre a ciência do clima para constatar que qualquer atraso na ação internacional contra a mudança do clima poderá ser fatal, especialmente se considerarmos as duras lições que estão nos sendo ensinadas pelo contágio rápido da COVID-19”, afirma Issa em artigo publicado no jornal inglês The Independent.

Nesse sentido, a implantação de um plano de recuperação econômica pós-pandemia alinhado a essas preocupações é vista como fundamental para que a crise climática possa ser derrotada no futuro.

“Para os países, isso significa integrar os chamados vindos de diversos pontos no espectro político para construir economias melhores a partir da proteção dos serviços públicos, do combate às desigualdades em nossas comunidades, na geração de empregos seguros e bem pagos, e na criação de uma economia à prova de choques que possa combater a crise climática”, argumenta a médica.

Em tempo: No começo deste ano, o Conselho de Direitos Humanos da ONU chegou a uma decisão inédita: violações de direitos humanos causadas pela crise climática devem ser consideradas na análise de pedidos de refúgio, um entendimento importante para o debate sobre refugiados climáticos.

No entanto, de lá para cá, a pandemia mudou bastante os termos dessa discussão, com a imposição de restrição de passagem parcial ou total de fronteiras para a contenção da pandemia. No UOL Ecoa, Cassia Moraes (Youth Climate Leaders), reflete sobre esses acontecimentos e diz que o avanço do reconhecimento da situação de refugiado climático tende a ser menor em tempos de fronteiras fechadas e recessão econômica.

“Para mitigar esse problema, é desejável que sejam tomadas medidas no sentido de contribuir para limitar a vulnerabilidade dessas populações, auxiliando-as a promover as adaptações necessárias, bem como adequar a legislação nos níveis nacional e internacional, para proteger os indivíduos que buscam refúgio, vítimas dos desequilíbrios econômicos e ambientais percebidos em seus territórios”, ressaltou Cassia Moraes.

 

ClimaInfo, 2 de junho de 2020.

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