EUA: sonho da casa própria é ameaçado pela crise climática

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O avanço do nível do mar está ameaçando a representação mais forte do chamado “sonho americano” nos EUA: o financiamento da casa própria. Com a elevação do risco de inundação, os bancos estão impondo cada vez mais restrições ao financiamento de imóveis localizados em regiões costeiras e nas margens de rios.

Os compradores de imóveis, por sua vez, estão buscando mecanismos que facilitem a paralisação dos pagamentos pelo imóvel caso as propriedades sejam inundadas ou percam qualquer possibilidade de revenda por conta de danos causados por enchentes e deslizamentos.

“As hipotecas convencionais sobreviveram a muitas crises financeiras, mas podem não sobreviver à crise climática”, argumenta Jesse Keenan, professor da Universidade de Tulane, ao The New York Times. “Essa tendência reflete também um risco financeiro sistemático para bancos e contribuintes dos EUA, que acabam pagando a conta”.

Um levantamento comentado pela Vice indica que o risco real de enchente nos EUA é cerca de 70% maior que o apontado pela Agência Federal de Gestão de Emergência nos mapas de enchente em vigor atualmente. Isso significa que quase 6 milhões de proprietários desconhecem que seus imóveis estão sob risco. Entre as localidades mais ameaçadas, figuram cidades já famosas pelas enchentes causadas pelo avanço do mar, como Miami, mas também regiões “inesperadas” como Portland (Oregon), Detroit, Pittsburgh e Cincinnati.

Além do risco aos imóveis residenciais e comerciais, a crise climática está pressionando a infraestrutura dos EUA, como exemplifica o rompimento de uma barragem no Michigan em maio passado. Depois de chuvas intensas, a barragem de Eddenville, construída em 1916, acabou rompendo e inundando a região de Midland. Com a intensificação de eventos extremos, as cidades estão despreparadas para suportar o impacto de inundações mais frequentes, comprometendo ainda mais a infraestrutura urbana.

 

ClimaInfo, 30 de junho de 2020.

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