O futuro incerto da indústria do petróleo

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A queda da demanda global por combustível causada pelo desaquecimento econômico, associada às pressões crescentes para que os países e as empresas acelerem a transição energética para fontes renováveis de energia, puxou o tapete da indústria de petróleo e gás e atirou-a em um divã existencial. A dúvida é a mesma para todas as empresas do setor: como sobreviver?

As perspectivas da indústria fóssil foram profundamente afetadas pela pandemia. Como destaca a Bloomberg, executivos estimavam que o “pico” global de consumo de petróleo aconteceria até 2030, e alguns ainda mais otimistas o previam para as décadas seguintes. Esse otimismo desapareceu: para analistas do setor, o pico pode ter sido atingido agora, o que significa que o volume de petróleo consumido pelas economias de agora em diante será mais baixo, e não mais alto.

No jornal The Guardian, Adam Morton ressalta que o setor não terá como escapar de um problema antigo que vinha sendo ignorado pelas companhias: o risco de investimentos massivos em novos projetos de óleo e gás ficarem “encalhados” em infraestruturas economicamente inviáveis – logo, sem perspectiva de retorno financeiro. Isso entrou forte no radar de investidores depois da queda brutal no preço do petróleo durante a pandemia, e o mercado financeiro parece ter despertado para a necessidade de cobrar mudanças profundas no modelo de negócio das companhias fósseis.

Esse movimento começa a se refletir, pelo menos nas petrolíferas europeias: BP e Shell anunciaram recentemente a revisão negativa de sua expectativa de retorno financeiro e a depreciação do valor de seus ativos por conta da perspectiva de preços baixos para o petróleo nos médio e longo prazos. Mas, mesmo nos EUA, onde as empresas do setor “fingem” que o problema não existe, a situação é parecida: empresas de carvão e fracking se viram forçadas a pedir falência, enterradas em dívidas. Ao mesmo tempo, a mobilização da sociedade contra novos projetos de infraestrutura fóssil, especialmente oleodutos, também vem causando problemas e atrasando obras de bilhões de dólares, como a Reuters destaca.

 

ClimaInfo, 15 de julho de 2020.

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