Mourão reclama de “campanha difamatória” contra o Brasil

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Mourão segue em “modo lamentação”. Ontem (10/8), durante uma videoconferência do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) sobre a Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável, ele afirmou que crimes ambientais deixam o Brasil “vulnerável a campanhas difamatórias” que permitem a imposição de barreiras comerciais “injustificáveis” contra os produtos brasileiros no exterior, especialmente aqueles do agronegócio; refutou o papel de “vilão” ambiental que, segundo ele, alguns países querem impor ao Brasil, “em um mundo onde grande parte do hemisfério norte queima petróleo e carvão e quer nos culpar pela poluição atmosférica”.

Mourão reconheceu que o desmatamento é grave, mas disse que os dados do INPE “não deixam dúvidas sobre a retomada do desmatamento a partir de 2012”. Ele afirmou que a redução do desmatamento em julho com relação ao mesmo mês em 2019 indica que “as ações do Conselho [da Amazônia] já começam a mostrar resultados”, mas ignorou que os resultados de julho são bem piores que a média histórica para o mês.

Em entrevista à Bandnews, a ministra Tereza Cristina seguiu a mesma linha defensiva; acusou os que “querem porque querem vilanizar a agropecuária brasileira dizendo que a agropecuária é responsável por tudo de ruim que nós vivemos né (sic), de pandemia, com o novo normal que são as palavras do momento”. A ministra também repetiu a tese duvidosa segundo a qual as dificuldades enfrentadas pelo Brasil são resultado de um “problema sério” de comunicação por parte do governo federal.

Também à Bandnews, Ricardo Salles foi na mesma linha: “É preciso mostrar que nem tudo que dizem da Amazônia que seja do agro, quer seja dos brasileiros que vivem na Amazônia, que tudo que se diz é verdade”. Disse também que as “brigas” assumidas pelo governo na área ambiental “já deveriam ter sido compradas” pelo Brasil no passado. Bem, o resultado destas “brigas” fala por si só.

O UOL destacou as entrevistas de Cristina e Salles. G1, Valor, Metrópoles e Estadão repercutiram as afirmações de Mourão.

Em tempo: Enquanto o governo desvia o foco, o ministro do STF Edson Fachin lamentou ontem (10/8) a situação da Amazônia, ameaçada pelo desmatamento e pela pandemia que está matando os Povos Indígenas: “O Brasil tem condições de ser maior do que é, de ter um ambiente de negócios sadio e recheado de desenvolvimento, que faça a sua dimensão de socioambientalidade necessária na sua base de sustentação, sem agredir as florestas, sem dizimar os Povos Nativos, sem depauperar as condições dos cursos d’água (…) Nós precisamos deixar de ser os parasitas em relação à Amazônia”.

 

ClimaInfo, 11 de agosto de 2020.

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