Salles muda estrutura do MMA e cria secretaria para a Amazônia

13 de agosto de 2020

Em parte como resposta à pressão intensa de investidores e empresários, o ministério do meio ambiente se reestruturou, dando destaque – pelo menos no nome das novas secretarias e departamentos – a temas como mudança climática, preservação de áreas protegidas e proteção da Amazônia.

A nova estrutura, oficializada ontem (12/8), inclui a Secretaria de Clima e Relações Internacionais (incorporando temas de clima); a de Áreas Protegidas (anteriormente um departamento, que inclui a gestão de Unidades de Preservação, concessão de Parques Nacionais e políticas de turismo sustentável); e a da Amazônia e Serviços Ambientais (substituindo a Secretaria de Florestas, agora com foco em ações na Amazônia Legal).

Questionado pelo Estadão sobre as mudanças, Salles afirmou que estas refletem uma alteração nas prioridades do governo para a pasta, resultado da pressão sofrida pelo Planalto nos últimos meses por conta do aumento acelerado do desmatamento na Amazônia e da flexibilização de regras ambientais no Brasil.

Temos aqui uma pergunta que não quer calar: como a nova secretaria da Amazônia poderá conviver com o Conselho da Amazônia de Mourão?

Matéria d’O Globo traz algumas das críticas à reestruturação feitas pela ASCEMA. A associação de servidores da pasta critica a criação de uma secretaria para gerir Unidades de Conservação retirando atribuições do ICMBio e as concentrando no ministério, sendo que cabe a este a coordenação do SNUC (Sistema Nacional de Unidades de Conservação) e não sua gestão, o que traz “um futuro de incertezas”. A associação se preocupa, também, com a criação da Secretaria de Clima e Relações Internacionais, a qual na prática recria a anterior da Secretaria de Mudança do Clima e Floresta destruída por Salles, lembrando que a destruição promovida por Salles desestruturou a equipe e a agenda que era ali conduzida; a ver qual será a nova agenda dessa “nova” secretaria. A íntegra da nota da ASCEMA foi divulgada pelo Política por Inteiro.

Ana Carolina Amaral também escreveu sobre a reestruturação do MMA na Folha destacando crítica de Natalie Unterstell, coordenadora do Projeto Política por Inteiro: “É ilusório achar que colocar ‘clima’ no nome de uma Secretaria de Relações Internacionais ou alguém na Amazônia vai atrair o mercado. Nesse caso, ativos são a efetiva redução de emissões de carbono e proteção de natureza, que não estão ocorrendo.”

Em tempo 1: Salles liberou ontem (12/8), em caráter excepcional e temporário, a realização de audiências públicas relativas a processos de licenciamento ambiental por meio de videoconferência. Como bem destacou o jornalista Leandro Prazeres (O Globo) no Twitter, a medida pode dificultar o acesso de moradores de comunidades remotas na Amazônia às audiência, praticamente excluindo-os da discussão oficial sobre empreendimentos com impacto em suas comunidades.

Em tempo 2: A bancada do PSOL na Câmara encaminhou requerimento a Ernesto Araújo questionando sobre a diminuição do espaço dedicado a temas ambientais no Itamaraty. Como destacado aqui, Araújo promoveu mudanças no organograma do ministério extinguindo estruturas que lidavam com meio ambiente e clima e reduzindo a equipe de diplomatas envolvidos com a temática. Para os deputados, o “desmonte organizacional” fez com que o Brasil abandonasse seu “consolidado poder de influência e protagonismo nos fóruns internacionais na área ambiental”.

 

ClimaInfo, 13 de agosto de 2020.

Se você gostou dessa nota, clique aqui para receber em seu e-mail o boletim diário completo do ClimaInfo.

x (x)

Continue lendo

Assine nossa newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Glossário

Este Glossário Climático foi elaborado para “traduzir” os principais jargões, siglas e termos científicos envolvendo a ciência climática e as questões correlacionadas com as mudanças do clima. O PDF está disponível para download aqui,
1 Aulas — 1h Total
Iniciar