Califórnia em chamas e tempestades “gêmeas” no Golfo: a crise climática “chuta a porta” dos EUA

califórnia em chamas

Com mais de 176 mil mortes confirmadas até agora, os EUA são o país mais afetado do mundo pela pandemia de COVID-19. Se os norte-americanos tivessem que se preocupar apenas com isso, já seria demasiado. No entanto, 2020 está fazendo valer sua alcunha de annus horribilis para o país: recessão, tensão racial, instabilidade social, polarização eleitoral e – para surpresa zero de quem acompanha a questão climática – eventos climáticos extremos.

Por um lado, a costa oeste dos EUA está sendo afligida por uma forte onda de calor, que precipitou incêndios florestais massivos, especialmente na Califórnia. Para piorar, no final de semana retrasado, cerca de 11 mil raios atingiram o norte do estado, o que gerou mais focos de incêndio. Para completar o cenário apocalíptico, o serviço meteorológico dos EUA emitiu no último dia 15 seu 1º alerta de tornado nascido de um incêndio florestal – um “firenado”.

O Inside Climate News mostrou que a intensidade da devastação surpreendeu a poucos cientistas. Para quem conhece as consequências potenciais da crise climática nessa região, o que estamos assistindo agora é apenas um aperitivo daquilo que poderá ser cada vez mais frequente nas próximas décadas caso o planeta siga aquecendo. Na mesma linha, Alastair Gee e Dani Anguiano dizem no The Guardian que os incêndios na Califórnia deixam claro que a crise climática já é uma realidade inescapável. Já The New York Times e Vox explicaram como a combinação de raios, calor prolongado e os padrões dos ventos tornaram os incêndios um evento tão destrutivo.

Por seu lado, os estados do Golfo do México se preparam para a chegada de duas tempestades com potencial de se tornarem furacões nos próximos dias. O furacão Marco deve atingir a Louisiana hoje (24/8). A cidade de Nova Orleans, ainda marcada pela destruição causada pelo furacão Katrina em 2005, está em alerta para eventuais enchentes. Já a tempestade tropical Laura deve chegar entre 4ª e 5ª feira (26 e 27/8) ao Texas, com o risco de atingir Houston  – outra cidade com histórico de devastação, como a passagem do furacão Harvey em 2017.

O The New York Times lembrou que a ocorrência de dois furacões simultâneos é um evento muito raro, sendo que a última vez que isso aconteceu foi em 1933; já um furacão acompanhado por uma tempestade ocorreu pela última vez em 1959. CNN, CBS e ABC destacaram a ameaça e o ineditismo dessas tempestades no sul dos EUA.

 

ClimaInfo, 24 de agosto de 2020.

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