Óleo no Nordeste: um ano depois, vazamento segue sem punição e impactos podem perdurar por décadas

óleo no nordeste

Um ano depois do maior desastre ambiental marinho da história do Brasil, a origem das manchas de óleo que contaminaram praias em 11 estados, desde o Maranhão até o Rio de Janeiro, segue desconhecida. Aos poucos, o país calcula os impactos econômico, social e ambiental das manchas, que seguem chegando à costa brasileira em pequenas quantidades.

A Folha destacou a resposta tardia do governo federal à crise, que só acionou o plano de contingência para conter a contaminação 43 dias depois das primeiras manchas chegarem ao litoral. Nas primeiras semanas, o trabalho de coleta do óleo foi feito basicamente por voluntários. Ao todo, foram retirados pouco mais de 5 mil toneladas de óleo de 1.013 pontos da costa brasileira.

Para pescadores e comunidades que dependem do mar para sobreviver, os últimos 12 meses foram trágicos, e a perspectiva para o futuro não é boa. Cerca de 350 mil trabalhadores pesqueiros foram prejudicados pelas manchas, que os colocou em uma situação precária potencializada mais tarde pela pandemia de COVID-19.

A falta de informação sobre as causas da contaminação segue inviabilizando análises mais apuradas sobre os impactos e a recuperação das áreas afetadas. Ao UOL, o professor Marcelo Soares, da Universidade Federal do Ceará (UFC), afirmou que uma parte considerável do óleo pode ter sido degradada. “Com certeza temos toneladas de óleo que agora são invisíveis. (…) Os fragmentos de óleo agem em nível molecular, contaminando pescados e banhistas”, disse. Assim, o processo de regeneração dos ecossistemas impactados pelo óleo pode levar décadas.

“O Brasil sofreu uma agressão e continua vulnerável”, alertou o almirante Marcelo Francisco Campos, que coordenou o trabalho de limpeza feito pela Marinha e que chefia o inquérito militar sobre o episódio. Em entrevista a O Globo, Campos afirmou que o governo precisará investir R$ 2 bilhões ao longo da próxima década para monitorar a costa brasileira e evitar que desastres semelhantes ocorram no futuro.

 

ClimaInfo, 1º de setembro 2020.

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