Queimadas na Amazônia: dados que mostram queda em agosto podem estar errados

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Nesta semana, Mourão celebrou nas redes sociais a queda de 5% nas queimadas na Amazônia em agosto de 2020, em comparação com o mesmo mês no ano passado, conforme dados do INPE. O problema é que esses dados podem estar equivocados. O alerta foi feito pelo pesquisador Alberto Setzer, do INPE, à Reuters.

Segundo Setzer, um erro de leitura de um satélite da NASA acabou gerando uma distorção nas informações sobre focos de calor na floresta em agosto. Ele estima que, corrigidos, esses dados poderão apontar para um aumento de 1% a 2% no número de queimadas na Amazônia no mês passado, o que o colocaria como o agosto mais destrutivo desde 2010.

Enquanto isso, Mourão segue com suas platitudes. Em entrevista à Rádio Nacional na 4ª feira, o general-vice reforçou sua campanha publicitária de conscientização contra a prática de queimada para limpeza de pasto. Ele também assegurou que a Operação Verde Brasil 2, em vigor desde maio para coibir queimadas e desmatamento na Amazônia, tem recursos garantidos até o final dos trabalhos, previsto para novembro. Mourão também defendeu a regularização fundiária, bandeira principal do governo Bolsonaro, como medida para conter a destruição florestal. Na semana passada, em live do Canal Rural, ele disse que o governo planeja entregar título de posse definitiva para 300 mil propriedades na Amazônia até 2021.

Em tempo: Ativistas do Greenpeace projetaram imagens das queimadas na Amazônia na fachada do ministério de relações exteriores da Alemanha, em Berlim. No ato realizado na manhã de ontem (3/9), os ativistas pediram ao governo Merkel que não aprove o acordo comercial Mercosul-União Europeia por conta da destruição florestal potencial que este pode causar no Brasil. A própria Merkel se manifestou recentemente com dúvidas acerca da possibilidade de o acordo prosperar nos próximos meses. Nesta semana, o embaixador alemão no Brasil, Heiko Thoms, disse que o futuro do acordo passa por “progressos reais” no meio ambiente, com “números do desmatamento caindo durante um período significativo”. Lembrando que a Alemanha preside a UE neste semestre e, até pouco tempo atrás, era considerada a principal aliada dos países do Mercosul na tramitação do acordo na Europa.

Também sobre o imbróglio comercial entre Brasil e Europa, a RFI fez uma matéria interessante sobre como a pressão internacional por conta da destruição da Amazônia deixou de acontecer apenas por meio ambientalistas e sociedade civil, mas também por investidores, empresários e lideranças cada vez mais graúdas do cenário internacional.

 

ClimaInfo, 4 de setembro 2020.

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