Óleo no Nordeste: estudo aponta para perda de 80% em biodiversidade em praias contaminadas

óleo no nordeste

Um ano depois da chegada das (ainda) misteriosas manchas de óleo às praias nordestinas, os impactos da contaminação sobre a diversidade biológica marinha ainda são difíceis de ser calculados – e podem perdurar por muito tempo.

Na semana passada, o Estadão repercutiu um estudo feito pelo biólogo Francisco Kelmo, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), que apontou que a perda de biodiversidade pode ter atingido 80% em certas áreas afetadas pelo óleo. “Antes da chegada da mancha, nós tínhamos biodiversidade de aproximadamente 88 espécies a cada 35 m2 de praia. Em outubro, quando o óleo chegou nas quatro praias que monitoramos, esse número caiu para 47”, disse Kelmo. “Em 2020, voltamos em março, maio e julho. Nos três retornos, o número de 47 havia reduzido para 17”. Outro impacto identificado pelo estudo foi o adoecimento de corais. Em anos anteriores, a média anual era de 5% a 6%; em outubro, ele chegou a 51% e hoje, é de 85%.

Além dos impactos ambientais, a contaminação prejudicou a vida de centenas de milhares de pescadores, principalmente no Nordeste. Estima-se que até meio milhão de pessoas tenham sido afetadas diretamente pela crise. Um levantamento com 4 mil pescadores apontou queda na renda de mais de 67% deles, um problema piorado pela pandemia nos últimos seis meses.

Enquanto isso, o governo segue sem respostas sobre os responsáveis pela contaminação. A falta de informações sobre o que causou as manchas de óleo impede que se tenha dados mais exatos sobre a dimensão do desastre ambiental, que ainda se resume a análises pontuais em áreas específicas.

 

ClimaInfo, 9 de setembro 2020.

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