China tem enormes desafios para chegar à neutralidade em carbono até 2060

China neutralidade em carbono

O anúncio feito por Xi Jinping na Assembleia Geral da ONU, comprometendo a China no rumo da neutralidade em carbono em 40 anos, segue repercutindo. A Bloomberg destacou como cientistas chineses estão desenhando o roteiro para viabilizar essa meta ambiciosa a partir de investimentos maciços em fontes renováveis e reatores nucleares para geração de energia, eliminando completamente o carvão do que é hoje o principal mercado consumidor global do combustível fóssil. O grupo vislumbra que as emissões chinesas deverão atingir seu pico em algum momento entre 2025 e 2030, e a demanda total de energia deve começar a diminuir por volta de 2035. Esse caminho permitiria à China eliminar o carvão de sua matriz energética até 2050, sob o custo de US$ 15 trilhões ao longo das próximas três décadas.

No South China Morning Post, Sophie Zinser (Chatham House) ressaltou a magnitude das mudanças necessárias para viabilizar o objetivo e a necessidade de incorporação de compromissos climáticos mais ambiciosos pelo governo chinês no próximo plano quinquenal e no principal projeto de política externa do país, a Belt and Road Initiative (BRI). Mais do que acelerar mudanças na própria China, Pequim teria condições de facilitar a transição energética de outros países, com potencial de aumentar sua receita externa com exportações de equipamentos e tecnologias de energia limpa.

Em tempo: Enquanto se coloca como líder da transição global para a economia de baixo carbono, a China segue tropeçando em suas próprias pernas no que diz respeito às liberdades civis. A jovem ativista climática Ou Hongyi foi detida em Xangai no último dia 25, durante as greves climáticas globais, após realizar um protesto silencioso contra a crise climática. No Twitter, ela disse que foi forçada a escrever uma “carta de autocrítica”, um instrumento frequentemente usado pelas autoridades chinesas para intimidar ativistas. “O governo é a única instituição que tem a capacidade de proteger seu povo, mas falhou”, escreveu ela. Em solidariedade, a também ativista jovem Greta Thunberg lamentou o episódio e criticou as autoridades chinesas.

 

ClimaInfo, 5 de outubro 2020.

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