COP26: entre o calor das ruas e o frio dos gabinetes

COP26 calor das ruas

A virada da primeira para a segunda semana de negociações do clima em Glasgow foi marcada por dois dias consecutivos de manifestações de rua.

Na Sexta pelo Futuro (5/11), a juventude protagonizou uma das maiores manifestações organizadas em paralelo à cúpula. O grupo de Greta Thunberg mobilizou cerca de 200 mil pessoas e não poupou críticas ao que a Conferência entregou em seus cinco primeiros dias: “Não é segredo que a COP26 é um fracasso. Deveria ser óbvio que não podemos resolver uma crise com os mesmos métodos que levaram ao início dessa crise”, disse Greta. As declarações da jovem líder foram repercutidas, entre outros, por Veja, El País e BBC, que trouxe uma galeria de fotos.

Dentro da agenda climática, mas fora das negociações, nesse mesmo dia, em São Paulo, indígenas, ativistas pelo clima e representantes da sociedade civil se reuniram em frente à sede do BTG Pactual, maior banco de investimento da América Latina, para exigir que a empresa retire o investimento de 21,53% de participação da empresa Eneva, maior operadora de gás do Brasil, dona de duas termelétricas a carvão e responsável pela compra de blocos para a exploração de petróleo e gás na Amazônia. Mais detalhes na Eco21.

No sábado (6/11), mais de 100 mil pessoas marcharam em Glasgow por quatro quilômetros sob chuva constante, vento forte e sensação térmica de 8º Celsius. A passeata, organizada pela Coalizão COP26, que reúne mais de 100 entidades, foi marcada por pedidos por justiça climática. Folha, g1, Valor e O Globo trazem fotos e depoimentos de participantes. A Super e o Jornal Nacional noticiaram também as manifestações que ocorreram no mesmo dia em outras cidades ao redor do mundo.

O clima nas ruas contrasta fortemente com o das salas de negociação. Em sua coluna, Jamil Chade relata que “quando os negociadores deixaram as salas de reunião já no início da madrugada de sábado para domingo, o sentimento era de que o otimismo inicial que existia sobre a possibilidade de um acordo em Glasgow estava sendo substituído por um temor real de um fracasso.” Ou seja, Greta está certa.

Veja aqui o que esperar da segunda semana de negociações.

Em tempo: Neste sábado (6/11), o Ombudsman da Folha questionou por que a imprensa não enfrenta a questão do clima, se é de fato tão urgente como ela noticia. “Na crise atual, é difícil imaginar um veículo de imprensa no Brasil recusando comerciais da Petrobras. Mas qualquer um deles poderia se debruçar sobre a estatal para entender o que seu plano estratégico (não) prevê diante da projetada descarbonização da economia mundial ou sobre as tantas reservas em seu poder que vão se tornar ociosas. Da mesma forma, lançar luz sobre as forças que movem o lobby do carvão em Brasília, emplacam jabutis em quase todos os projetos relacionados à energia no Congresso e fazem o governo brasileiro não assinar um tratado sobre a erradicação do combustível.”, escreveu.

 

ClimaInfo, 8 de novembro de 2021.

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