E não demorou nem 24 horas desde o anúncio dos novos dados sobre desmatamento na Amazônia para o Brasil começar a sentir mais pressão internacional. Em live realizada ontem (1º/12) pelo Valor, o embaixador da União Europeia no Brasil, Ignacio Ybañez, afirmou que o acordo comercial assinado com o Mercosul está em stand-by, à espera de resultados concretos por parte do governo Bolsonaro no combate ao desmatamento e na promoção do desenvolvimento sustentável. Essa é a sinalização mais forte até agora dada por uma autoridade da UE sobre as dificuldades enfrentadas pelo bloco para a aprovação do tratado. Ybañez ressaltou que enxerga com otimismo iniciativas recentes, especialmente aquelas lideradas por Mourão no Conselho da Amazônia, mas que o avanço do acordo dependerá da resposta do Brasil às preocupações ambientais dos países europeus. “Se a confiança não for restabelecida” e se o governo brasileiro não apresentar “uma vontade de colocar no centro de suas atividades a ideia de sustentabilidade, o acordo não vai poder passar”.
Em artigo no Climate Home, o pesquisador Paulo Barreto (Imazon) reforçou que o acordo comercial só pode ser finalizado depois do Brasil controlar o desmatamento na Amazônia – caso contrário, sua implementação pode impulsionar um aumento significativo do índice de devastação ambiental na região. Ele citou dados de um estudo recente que constatou o impacto potencial do acordo com a UE, especialmente em áreas vulneráveis ao avanço do desmatamento na Amazônia e no Cerrado, destacando que muitas das áreas com maior risco de aumento do desmate estão nos arredores de territórios indígenas, o que pode intensificar conflitos e invasões ilegais de terra.
ClimaInfo, 2 de dezembro 2020.
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