Forçado pela Justiça a revisar suas metas de redução de emissões, o governo da Alemanha apresentou na semana passada um dos objetivos climáticos mais ambiciosos entre as maiores economias do mundo. Até 2030, o país quer cortar suas emissões de carbono em 65% em comparação com os níveis de 1990; além disso, os alemães se comprometeram a antecipar a neutralidade do carbono em cinco anos, chegando às emissões líquidas zero em 2045. Como observou a Bloomberg, isso exigirá mudanças substanciais e mais rápidas em setores-chave, como os de energia e indústria. A questão do carvão é representativa dessas dificuldades: a geração elétrica alemã ainda depende desse combustível . Atualmente, a Alemanha tem como meta abandonar o carvão até 2038, mas os novos compromissos exigirão uma antecipação desse prazo. Ao mesmo tempo, os alemães também terão que acelerar o ritmo da eletrificação da frota automobilística e do desenvolvimento do hidrogênio como opção de combustível verde, além de entrar de cabeça na questão da captura e armazenamento de carbono, um tema ao qual Berlim é historicamente refratária.
Por outro lado, em termos práticos, as metas mais ambiciosas da Alemanha ainda estão aquém do objetivo do Acordo de Paris de conter o aquecimento do planeta em 1,5°C até 2100 com relação aos níveis pré-industriais. De acordo com o Climate Action Tracker, os alemães teriam que atingir um corte de ao menos 69% até 2030 em suas emissões com referência a 1990 para alinhar suas ações climáticas com esse objetivo de aquecimento. Para tanto, o país teria que abandonar o carvão até o final desta década, expandir a fatia de geração renovável na matriz elétrica para cerca de 90% e ampliar os elétricos para 95% da frota automobilística.
Em tempo: Mesmo com os protestos populares pedindo mais ambição na nova lei climática, o Senado da França está mais interessado em minorar a proposta aprovada pela Assembleia Nacional no mês passado. Os senadores aprovaram uma modificação que enfraquece os termos da emenda constitucional proposta pelo governo Macron, retirando a obrigação do Estado francês de “garantir” as condições para o esforço contra a mudança do clima, em favor de uma formulação menos vinculativa. AFP, Reuters e RFI deram mais detalhes.
ClimaInfo, 12 de maio de 2021.
Se você gostou dessa nota, clique aqui para receber em seu e-mail o boletim diário completo do ClimaInfo.