“Depois da festa, vem a ressaca”: países enfrentam dificuldades para tirar metas climáticas do papel

metas climáticas

Há quase um mês, líderes de mais de 40 países participaram da Cúpula Climática organizada pelo governo dos EUA, ocasião em que apresentaram novos compromissos e metas para acelerar a transição energética para fontes renováveis e a redução das emissões de carbono no contexto do Acordo de Paris. Mesmo insuficientes, as promessas foram bem recebidas por ativistas e especialistas. No entanto, passada a euforia em torno dos anúncios, o que se vê é incerteza e desconfiança sobre a viabilidade desses compromissos.

No Valor, Daniela Chiaretti abordou as dificuldades enfrentadas pelos EUA de Joe Biden e pelo Reino Unido de Boris Johnson em tirar do papel suas novas metas climáticas. Os dois países são atores centrais no tabuleiro climático: o primeiro está retornando às negociações depois de quatro anos de ausência e negacionismo e quer recuperar o terreno perdido; o segundo será anfitrião da próxima Conferência da ONU sobre o Clima (COP26) e quer aproveitar a ocasião para lustrar suas credenciais verdes. Porém, questões políticas e econômicas no nível doméstico seguem impondo obstáculos à estratégia climática de norte-americanos e britânicos.

Enquanto isso, o governo da Rússia segue fazendo pouco caso sobre a neutralidade do carbono. Na Reuters, o enviado especial de Moscou para o clima, Ruslan Edeklgeriyev, chamou o movimento recente de países se comprometendo com o net-zero de “corrida irracional”, que “desvia a atenção da necessidade de resultados concretos” por parte dos países. Para ele, o foco deve estar no cumprimento das metas existentes, e não no aumento da ambição delas. Por ora, a Rússia se comprometeu em reduzir suas emissões em 30% até 2030 com relação a 1990.

Em tempo: Os países do G7 estão trabalhando em um acordo para eliminar subsídios aos combustíveis fósseis. Segundo a Bloomberg, o governo do Reino Unido, que será anfitrião da próxima conferência do grupo das sete maiores economias do mundo no próximo mês, articula a proposta como uma sinalização para o resto do mundo sobre a urgência da questão climática e dos países avançarem com a implementação do Acordo de Paris na COP26. O Valor publicou uma tradução da matéria. Já o Guardian destacou fala do “campeão climático” do Reino Unido para a COP26, Nigel Topping, expressando otimismo com a possibilidade de um acordo entre os países durante a Conferência de Glasgow em torno da neutralidade do carbono até 2050. Ele reconheceu que as conversas não serão fáceis, mas ressaltou a urgência do problema e a pressão da sociedade civil e da iniciativa privada para que os governos acelerem seus esforços de descarbonização.

 

ClimaInfo, 19 de maio de 2021.

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