Frustração é a palavra que sintetiza o ânimo de ativistas climáticos depois de três semanas de negociações virtuais na ONU. Além das dificuldades tecnológicas enfrentadas ao longo das conversas, o que já era esperado, a falta de avanço em temas fundamentais para destravar a agenda diplomática antes da COP26 foi um balde de água fria na cabeça de quem esperava por mais ambição e progresso dos países no pós-pandemia.
O Observatório do Clima (OC) ironizou o resultado final das sessões virtuais de negociação: a única conclusão das conversas foi a necessidade de marcar novas conversas, desta vez presenciais, em Londres, no mês que vem. Já a Climate Action Network (CAN International), no seu boletim ECO, observou a incerteza que ainda prejudica as nações mais pobres no caminho para Glasgow no final do ano. Mesmo com as repetidas promessas da ONU e do governo britânico, ainda não há um plano claro que garanta a realização de uma conferência presencial, com a participação de negociadores e observadores de todos os países.
Dois obstáculos permanecem obstruindo o processo de negociação. Primeiro, a questão do financiamento climático: o encontro do G7, realizado na semana passada, não trouxe promessas de novos recursos financeiros para apoiar mitigação e adaptação nos países pobres. Sem a adição de dinheiro novo ao bolo do financiamento climático, a expectativa de sucesso nas negociações em Glasgow diminui consideravelmente. E, segundo, a novela interminável do mercado de carbono sob o Artigo 6 do Acordo de Paris, o último item que falta para que o regime funcione plenamente. Como destacamos na semana passada, o principal impasse aqui está no período de transição para a implantação dos ajustes correspondentes e o “prazo de validade” dos créditos de carbono obtidos via o Protocolo de Quioto sob o sistema de Paris.
BBC, Bloomberg, Financial Times, Guardian e Inside Climate News fizeram um balanço das conversas virtuais da ONU sobre clima e da reação negativa de ativistas e especialistas ao resultado delas. O Carbon Brief fez um sumário mais detalhado das negociações.
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ClimaInfo, 21 de junho de 2021.
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