Na ONU, EUA e China trocam rivalidade por novos compromissos climáticos

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O dia de ontem foi intenso na sede da ONU em Nova York. Noves fora as baboseiras de Bolsonaro, a abertura da Assembleia Geral deu o tom da principal preocupação dos países neste momento – a crise climática. Tanto o secretário-geral da ONU, António Guterres, como o presidente da AG, Abdulla Shahid, reforçaram a importância do mundo avançar com metas e ações mais ambiciosas e imediatas para se conter a mudança do clima, sob o risco de se condenar o futuro da humanidade.

“Estamos à beira do abismo, e nos movendo na direção errada”, destacou Guterres. “Precisamos de um corte de 45% nas emissões até 2030. No entanto, um relatório recente da ONU deixou claro que, com os atuais compromissos climáticos nacionais, as emissões aumentarão 16% até 2030”. Bloomberg, Guardian e Valor destacaram os principais pontos do discurso do secretário-geral da ONU.

Por outro lado, Estados Unidos e China deram uma sinalização importante na Assembleia Geral em prol da ação climática, mesmo com os dois países protagonizando tensões geopolíticas nos últimos anos. O presidente norte-americano Joe Biden fez o primeiro gesto ao anunciar que a Casa Branca pretende dobrar o volume de recursos destinados a financiamento climático para os países pobres até 2024, passando de US$ 5,7 bilhões anuais para US$ 11,4 bilhões.

De acordo com a Bloomberg, o anúncio foi bem recebido por ativistas climáticos, que defendiam que o financiamento climático dos EUA aumentasse para pelo menos US$ 12 bilhões anuais, valor um pouco acima do prometido por Biden na ONU. O primeiro-ministro Boris Johnson, do Reino Unido, celebrou o anúncio de Biden, destacando que a nova meta financeira mostra que o governo norte-americano está “apaixonadamente comprometido em enfrentar a mudança do clima”, como citado pela Associated Press. A promessa também teve destaque em veículos como Climate Home, Guardian, NY Times, Reuters, Washington Post e Wall Street Journal.

Já o presidente da China, Xi Jinping, anunciou que o país deixará de construir novos projetos de energia movidos a carvão no exterior, um passo importante para que esse combustível fóssil seja finalmente “aposentado”. O país é um dos maiores consumidores de carvão do mundo e um dos principais financiadores de novas usinas termelétricas carvoeiras nos países em desenvolvimento, especialmente na Ásia e na África. No entanto, o líder chinês não definiu um prazo para que isso aconteça. AFP, Climate Home, CNN, NY Times e Reuters repercutiram o anúncio chinês.

 

ClimaInfo, 22 de setembro de 2021.

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