As negociações em Glasgow voltaram ao seu ritmo tradicional nesta 5ª feira, com o encerramento da cúpula de chefes de Estado e de governo. Como o El País colocou, a passagem de 120 líderes mundiais na COP26 resultou em uma enxurrada de declarações e anúncios em variados setores, o que tomou as manchetes dos jornais nos primeiros dias de Conferência. Entretanto, pouca coisa concreta pode ser tirada dessas promessas: muitas metas, cifras trilionárias e ações ambiciosas para o futuro – na maior parte dos casos, um futuro beeem distante. O problema é que a urgência climática exige ações e compromissos para ontem.
Um exemplo dos resultados agridoces da COP26 até agora foi o acordo global para banir a queima de carvão. O texto foi uma das principais bandeiras da presidência britânica em Glasgow e logrou a adesão de mais de 75 países. No entanto, ficaram de fora os três maiores consumidores mundiais desse combustível fóssil: China, Índia e Estados Unidos. De acordo com a declaração, os países desenvolvidos se comprometem a abandonar o carvão na década de 2030 “ou o mais rapidamente possível”; já as nações em desenvolvimento teriam mais tempo para fazer o mesmo, a partir dos anos 2040. CNN Brasil, g1, O Globo e Valor destacaram a declaração anticarvão na COP26.
Do lado da sociedade civil, o contraste entre promessas ambiciosas e ações tímidas já causa irritação. A ativista Greta Thunberg foi ácida nas críticas aos compromissos de neutralidade climática no longuíssimo prazo e ao uso (e abuso) de mecanismos de offset para compensar emissões pelas empresas. “Tenho o prazer de anunciar que decidi ser net-zero em palavrões e grosserias. Mas no caso de eu dizer algo inapropriado, me comprometo a compensar isso dizendo algo simpático”, ironizou a jovem em seu Twitter. O Globo e Valor destacaram as críticas de Greta.
Em tempo: No g1, Carolina Dantas listou as pendências que sobraram para os negociadores depois da saída dos líderes internacionais de Glasgow. Não é pouca coisa: resolver a questão do mercado de carbono via artigo 6 do Acordo de Paris, viabilizar a meta de US$ 100 bilhões anuais para financiamento climático em países pobres e destravar o freio da ambição dos objetivos nacionais de redução de emissões.
ClimaInfo, 5 de novembro de 2021.
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