Recordes de temperatura alta nos polos trazem novas preocupações com efeitos da crise climática

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NASA

A Antártica e o Ártico talvez sejam o termômetro mais importante da crise climática global. Nas últimas décadas, a temperatura média nos Polos Norte e Sul da Terra aumentaram em proporção maior do que a média global. Como resultado, o volume e a extensão do gelo nessas regiões têm se reduzido em ritmo acelerado. Mais recentemente, os dois extremos do globo experimentaram fortes ondas de calor que elevaram as temperaturas em pelo menos 30oC em relação à média histórica para esta época do ano.

“Imagine um platô polar que está a 3 mil metros de altura, que deveria estar a -50oC, -45oC, e de repente vai a -11oC”, afirmou Francisco Eliseu Aquino, pesquisador da UFRGS, à Carolina Dantas no g1, sobre o registro de calor na Antártica. “Para isso acontecer, a circulação atmosférica precisou se organizar de uma forma muito intensa, induzindo um ciclone extratropical para levar ar quente e úmido da região tropical até o interior da Antártica. É como se você tivesse um rio voador de umidade indo para o interior do platô polar”.

“Esse calor era algo impensável até pouco tempo atrás”, comentou Jonathan Wille, cientista da Université Grenoble Alpes, ao Washington Post. “[Isso] nunca foi observado antes, e os padrões de atmosfera que levaram a esse fato também não eram possíveis – até que eles aconteceram”.

Ao jornal Independent, Martin Siegert, codiretor do Instituto Grantham para Mudança Climática e Meio Ambiente do Imperial College London, afirmou que novas ocorrências de episódios de calor como os da semana passada podem ter efeitos devastadores nos dois extremos da Terra. “Na região costeira da Antártica, onde o calor é sentido mais forte, e nas plataformas de gelo, [podemos ter] derretimento mais intenso do gelo. Já no Ártico, os impactos mais importantes estão no gelo marinho e no permafrost”.

 

ClimaInfo, 24 de março de 2022.

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