Onda de calor arruina colheitas na Índia e ameaça intensificar insegurança alimentar global

calor extremo Índia
Channi Anand/AP

A escassez global de alimentos, precipitada recentemente pela guerra na Ucrânia, deve se tornar mais aguda por conta dos efeitos da forte onda de calor que assola boa parte da Índia, 2º maior produtor global de trigo. Com os termômetros se aproximando dos 50°C, os produtores rurais indianos já antecipam os prejuízos: segundo autoridades do país, as perdas podem chegar a 50%, o que seria um duro golpe ao mercado internacional de trigo, que já sofre com a paralisia da produção na Ucrânia, outro grande produtor global dessa commodity.

Nos últimos meses, a Índia se beneficiou com a disrupção do fornecimento de trigo no mundo. De acordo com a Reuters, o país exportou um recorde de 7,85 milhões de toneladas de trigo no ano fiscal até março, um aumento de 275% em relação ao ano anterior. Isso trouxe otimismo inicial ao governo indiano, que esperava colher uma safra histórica de 111,3 milhões de toneladas neste ano, acima das 109,5 milhões de 2021, o que permitiria ampliar as exportações para 12 milhões de toneladas até junho, quando se encerra o ano fiscal do país. No entanto, com o forte calor, as estimativas totais para a safra já saíram para cerca de 105 milhões de toneladas. Bloomberg e O Globo também abordaram essas informações.

Enquanto isso, indianos e paquistaneses vivem dias “infernais” com o forte calor. Guardian e Reuters destacaram que, além das temperaturas altas, os apagões também estão dificultando a vida das pessoas, que ficam até nove horas sem fornecimento de energia. A Organização Meteorológica Mundial (WMO) observou que, a despeito de ainda não ser possível associar o calor no sul da Ásia com a mudança do clima, a situação atual é consistente com os cenários climatológicos projetados como efeito do aquecimento global, com ondas de calor cada vez mais frequentes e intensas.

Al-Jazeera, Axios e CNN também repercutiram os efeitos do forte calor na Índia e no Paquistão.

 

ClimaInfo, 3 de maio de 2022.

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