Novos subsídios e isenções fiscais não garantem combustíveis mais baratos

31 de maio de 2022
Combustíveis
Andre Borges/Bloomberg

A pressão do governo e do Congresso Nacional sobre a Petrobras e os importadores de diesel para reduzir o preço do combustível no mercado doméstico pode não surtir o efeito desejado. Nos últimos dias, a ofensiva se intensificou depois de uma nova mudança no comando da petroleira, que abre a possibilidade de alterações em sua política de preços, e a aprovação pela Câmara de um projeto de lei que limita a cobrança de ICMS dos estados sobre os combustíveis em 17%.

No Valor, Taís Hirata conversou com um executivo de uma das maiores distribuidoras de combustível do Brasil, sobre os efeitos potenciais dessa movimentação no mercado. Para ele, o risco de um desabastecimento existe, especialmente se o governo forçar um preço doméstico muito mais baixo do que o praticado no mercado internacional. Ainda assim, se isso não for forçado, o cenário mais provável é de uma nova alta no preço do diesel, mesmo com a redução dos impostos.

Essa é a pior possibilidade para o presidente da República, que não esconde o medo de que o encarecimento contínuo dos combustíveis coloque a lápide em suas chances de reeleição em outubro. Nesta 2ª feira (30/5), ele voltou a atacar a Petrobras, dizendo que um novo reajuste dos preços pode “quebrar o Brasil” e que o governo busca maneiras legais, “sem interferir” na empresa, para baixar o preço dos combustíveis.

De fato, o presidente tem motivos para temer. Como a Bloomberg assinalou, o consumidor brasileiro é quem mais paga hoje para encher o tanque na América Latina. Em média, os brasileiros gastam cerca de R$ 400 para abastecer um tanque com capacidade de 55 litros – ou seja, quase ⅓ do valor do salário mínimo atual (R$ 1.212) é gasto com combustíveis. Para efeito de comparação, em relação à renda média nacional, os motoristas dos EUA gastam cerca de 6% de seu salário para fazer o mesmo. O Valor também destacou esses dados.

Enquanto isso, os produtores de biodiesel tentam sensibilizar o governo federal para aumentar o volume do combustível na mistura com o diesel fóssil. Hoje, esse percentual está em 10%, mas empresas do setor entendem que isso pode aumentar para pelo menos 13%, aproveitando um combustível renovável de fabricação doméstica e, consequentemente, diminuindo a necessidade de diesel tradicional importado. Como o Valor observou, o setor ainda não digeriu nem os cortes sucessivos na mistura: pelo cronograma original, o teor de adição era para estar em 14% agora e, depois, 15% a partir de março de 2023. No entanto, o governo alegou que a alta no preço da soja afetaria o preço final aos consumidores, adiando essa mudança.

 

ClimaInfo, 31 de maio de 2022.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.

Continue lendo

Assine nossa newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Glossário

Este Glossário Climático foi elaborado para “traduzir” os principais jargões, siglas e termos científicos envolvendo a ciência climática e as questões correlacionadas com as mudanças do clima. O PDF está disponível para download aqui,
1 Aulas — 1h Total
Iniciar