Biden tenta destravar geração solar nos EUA depois de pressão contra fornecedores chineses

Biden energia solar
Justin Merriman/Bloomberg

A crise energética global está pressionando a Casa Branca a aliviar as cobranças sobre fornecedores chineses de painéis solares para os Estados Unidos. Desde o ano passado, o Departamento de Comércio dos EUA vem conduzindo uma investigação sobre práticas anticoncorrência de empresas chinesas na venda de equipamentos fotovoltaicos para consumidores norte-americanos que estariam prejudicando os produtores domésticos. No entanto, isso resultou em uma suspensão nas importações, criando um gargalo na oferta que está frustrando os consumidores.

Para aliviar a situação, o governo de Joe Biden pretende invocar uma lei de produção estratégica de segurança nacional para facilitar a produção dos painéis fotovoltaicos nos EUA. De acordo com a Bloomberg, o presidente norte-americano também pretende anunciar uma suspensão de dois anos para as tarifas sobre novas instalações, mesmo aquelas feitas com equipamentos importados. Essa parte da proposta de Biden está sendo criticada por fabricantes domésticos, em especial a empresa Auxin Solar, responsável pela denúncia que resultou no inquérito contra os importadores chineses. O CEO da empresa, Mamun Rashid, disse que a medida “abre as portas para interesses especiais financiados pela China para impedir a aplicação justa da lei comercial norte-americana”.

A dependência do setor solar dos EUA de importadores chineses já era uma preocupação desde a gestão do ex-presidente Donald Trump e sua “guerra comercial” com Pequim. Biden, por sua vez, também “pisa em ovos” quando o assunto é a China: por um lado, depender de um concorrente global em um setor econômico estratégico para o futuro do país é algo extremamente problemático; por outro, a necessidade de se avançar o quanto antes com a transição para fontes renováveis de energia não dá muito espaço para cálculos geopolíticos. Associated Press, Financial Times, NY Times, Reuters e Washington Post repercutiram a notícia.

Em tempo: Ainda sobre energia e geopolítica, a Bloomberg informou que o governo indiano está estudando ampliar a importação de petróleo russo para atender à demanda doméstica e evitar os altos preços do mercado internacional. A União Europeia e os EUA vêm pressionando Nova Deli a diminuir a demanda por combustível russo, na esteira das sanções internacionais ao regime de Vladimir Putin, mas o governo de Narendra Modi tem sido cauteloso. Sem vender o combustível para os países europeus, os russos têm oferecido petróleo em condições mais favoráveis a países como China e Índia, com preços mais baixos e pagamentos feitos em moeda nacional, sem precisar de operação cambial para dólar ou euro.

As vendas extra são importantes para Moscou, já que as sanções começam a ter efeito nas vendas de petróleo russo. Segundo a Bloomberg, mesmo com o aumento do volume de óleo vendido pela Rússia nos últimos meses, o lucro obtido com as vendas nas últimas semanas tem sido menor do que o esperado.

 

ClimaInfo, 7 de junho de 2022.

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