Crises não podem tirar nossa atenção nem disposição para enfrentar mudança do clima, apela Espinosa

Patricia Espinosa
UNFCCC

O mundo não pode se perder nos labirintos da guerra e da geopolítica: precisamos agir contra a crise climática. Esse foi o recado da secretária-executiva da UNFCCC, Patricia Espinosa, na abertura da rodada intersessional de negociações climáticas da ONU nesta 2ª feira (6/6), na cidade alemã de Bonn. Em sua despedida do cargo, a diplomata mexicana pediu aos governos que sigam o caminho da ação climática, mesmo sob a sombra da guerra na Ucrânia e da crise do petróleo.

“Devemos avançar mais rapidamente nestas negociações. O mundo espera isso. As nações sabem que ao se comprometerem com a meta de 1,5ºC do Acordo de Paris, isso implica ação acelerada e maior ambição climática. Não é aceitável dizer que estamos em tempos desafiadores – elas sabem que a mudança climática não é uma agenda que podemos adiar”, disse Espinosa. O mandato dela à frente da UNFCCC termina em julho, de forma que ela não estará no comando das negociações climáticas em Sharm el-Sheikh, no Egito, na próxima Conferência da ONU sobre Clima (COP27), programada para novembro. “Nunca devemos ceder ao desespero. Devemos continuar avançando. Veja o que conquistamos nos últimos seis anos”.

As discussões em Bonn, que seguem até a semana que vem, definirão as bases das negociações da COP27 e serão um termômetro crucial para entender o que esperar – e o que não esperar – da Conferência no Egito. Por um lado, o relatório recente do IPCC explicitou a gravidade da mudança climática e a necessidade dos países avançarem o quanto antes possível na redução de suas emissões e na transição para as energias renováveis. Por outro, o cenário global de tensões geopolíticas e econômicas, puxadas principalmente pela instabilidade dos preços internacionais do petróleo e os reflexos da guerra entre Rússia e Ucrânia, está pressionando os governos por mais subsídios e benefícios para a indústria fóssil, na contramão do necessário para limitar o aquecimento global neste século em, no máximo, 2ºC.

A abertura das conversas em Bonn foi destaque na imprensa internacional, com manchetes em AFP, Associated Press, BBC, Deutsche Welle, Guardian, RFI e Washington Post.

 

ClimaInfo, 7 de junho de 2022.

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