Greenwashing: EUA investigam Goldman Sachs por desinformação sobre ESG

Greenwashing Goldman Sachs
TING SHEN FOR THE WALL STREET JOURNAL

O megabanco Goldman Sachs está enfrentando uma investigação da Securities e Exchange Commission (SEC), equivalente à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no Brasil, por conta dos negócios de seu braço de gestão de ativos e fundos mútuos. A principal suspeita é de que o banco esteja distorcendo informações relativas a critérios ambientais, sociais e de governança (ESG) para seus clientes na oferta desses investimentos – leia-se, greenwashing velho de guerra.

A ação da SEC contra o Goldman Sachs acontece menos de duas semanas após o também megabanco Deutsche Bank ser alvo de uma operação da polícia alemã também por denúncia de greenwashing e desinformação a seus clientes sobre aspectos de sustentabilidade de suas aplicações financeiras. De acordo com o Wall Street Journal, o foco dos investigadores norte-americanos está menos na fraude em si – já que, diferentemente da Alemanha, os EUA ainda não possuem regras para requisitos ESG no mercado financeiro – e mais na possibilidade de que o banco não tenha descrito com precisão suas práticas de investimento aos clientes. A encrenca do governo norte-americano com o Goldman Sachs foi destaque em veículos como Bloomberg, Financial Times, NY Times e Reuters, além de manchete no Valor e na VEJA.

A ofensiva de órgãos reguladores e autoridades financeiras na Europa e nos Estados Unidos representa um marco para os investimentos ESG. Depois de anos se aproveitando da pouca atenção do mercado e da falta de regulação governamental, empresas e gestores de ativos não estão mais conseguindo driblar cobranças relativas ao alinhamento entre seus negócios e os pretensos objetivos de sustentabilidade e governança. A Bloomberg destacou como executivos e investidores estão enxergando esse contexto: para alguns, as mudanças são bem vindas; para outros, elas são vistas como “um pesadelo”.

Em tempo: Uma análise da Barclays mostrou que, das principais moedas do mundo, o euro é a que está melhor preparada para os impactos da mudança do clima na economia global nas próximas décadas. O banco britânico mapeou os efeitos da crise climática nas taxas de câmbio, considerando que o aumento das temperaturas e os custos econômicos associados podem representar “um risco crescente e caro, com impacto cambial tangível”. No pior cenário, com aquecimento acima dos 2ºC, a moeda da UE poderia até se valorizar em 0,5% até 2030; na contramão, o yuan chinês pode perder até 5,5% de seu valor ao final desta década. O iene japonês também é outro que pode perder valor no pior cenário, com desvalorização de 3,14%. Bloomberg e Reuters repercutiram essa informação.

 

ClimaInfo, 15 de junho de 2022.

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