CPI da Petrobras

CPI da Petrobras
Mauro Pimentel/AFP

O governo Bolsonaro, sempre à procura de alvos para atacar, está indo de corpo e alma contra a Petrobras, forçando a renúncia de mais um presidente. Bolsonaro já indicou quatro (um nem chegou a tomar posse) e está indo para o quinto. O silêncio do ocupante do Posto Ipiranga só não é mais ensurdecedor porque seu indicado ao ministério das minas e energia, Adolfo Sachsida, disse aos senadores ontem que “não é possível interferir no preço dos combustíveis”. Não está no controle do governo e, honestamente, preço é uma decisão da empresa, não do governo”.

O congresso vê a base bolsonarista colher assinaturas para uma CPI para investigar a política de preços da Petrobras. Usar a empresa como bode expiatório não deve ajudar ninguém a se reeleger a não ser que se consiga realmente se interferir nos preços. Uma das dificuldades é que essa agitação já fez a ação da empresa cair 10% em uma semana, o sinal claro de que Wall Street e a Faria Lima não gostam de quem mexe nos seus adorados fundamentos. As notícias e comentários saíram na Folha, UOL, Estadão, Valor e Lauro Jardim e Andréia Sadi n’O Globo.

O comentarista da UOL, Josias de Souza, acha que Bolsonaro está mais interessado em culpar alguém pela inflação do que provocar a ira dos deuses do mercado e intervir nos preços dos combustíveis. Na mesma linha, Vinícius Torres Freire, da Folha, acha que “isso tudo é um barulho político para dizer que está fazendo alguma coisa”. Adriana Fernandes, no Estadão, comenta um trabalho da Universidade Federal Fluminense dizendo que a Petrobras recolheu menos imposto que deveria. Interessante que Bolsonaro passou as últimas semanas querendo que os estados cobrassem menos imposto.
Em coluna n’O Globo, Míriam Leitão e Álvaro Gabriel explicam porque essa confusão faz parte do desmonte do Estado promovido pelo capitão. “O caso da Petrobras mostra como a democracia brasileira está funcionando mal” mostrando que a Câmara presidida por Artur Lira quer a CPI enquanto, no Supremo, André Mendonça exige que a empresa explique sua política de preços. Bolsonaro tenta, mais uma vez, desmontar a pétrea separação dos poderes e reinar sozinho.

 

ClimaInfo, 22 de junho de 2022.

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