Crise climática no Nordeste: o tabuleiro da segurança hídrica no rio São Francisco

Rio São Francisco hidrelétricas
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“Rio da Integração Nacional”, o São Francisco vem perdendo a pujança de outros tempos. Nem mesmo a chuva acima da média nos últimos meses tem sido capaz de aumentar a vazão do rio em sua chegada no Oceano Atlântico. A explicação para esse cenário ambíguo está na priorização do uso de suas águas para a geração hidrelétrica nas oito usinas existentes ao longo do rio.

No InfoSãoFrancisco, Antônio Laranjeira faz um panorama de fôlego sobre as amarras regulatórias que causam a situação. As barragens estão retendo mais água, o que diminui a disponibilidade hídrica na região do Baixo São Francisco. Assim, enquanto as represas estão cheias até a borda, as comunidades do final da extensão do rio convivem com o recuo das águas e a diminuição de sua profundidade.

“Eles [a Agência Nacional das Águas e o Operador Nacional do Sistema Elétrico] nem chamam mais de rio São Francisco, chamam de ‘sistema São Francisco’”, comentou o ambientalista Carlos Eduardo Ribeiro Jr.. “Esqueceram-se do número de vidas dessa região, humanas e de outros seres, é tudo medido em megawatts, em como otimizar a geração”. Ribeiro explica que o Baixo São Francisco vive uma “seca programada”, um cenário de crise hídrica localizada, causada pelo ser humano e agravada pela crise climática.

Em tempo: Victor Moura escreveu na Agência Eco Nordeste sobre o avanço da erosão costeira no litoral da Grande Recife. A capital pernambucana é a cidade brasileira mais vulnerável ao aumento do nível do mar e uma das 20 mais expostas a esse risco em todo o mundo. Nos últimos anos, as ondas estão chegando a áreas até então seguras, ameaçando residências e outras construções praieiras. Medidas polêmicas, como o alargamento artificial das praias, têm sido aplicadas, mas a falta de restrições para a construção civil nessas áreas mantém o risco.

 

ClimaInfo, 11 de julho de 2022.

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