União Europeia anuncia acordo com Azerbaijão para fornecimento de gás natural fóssil

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Xinhua/REX/Shutterstock

A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von Der Leyen, celebrou nesta 2ª feira (18/7) a assinatura de um acordo com o governo do Azerbaijão para aumentar o fornecimento de gás natural para os mercados da União Europeia. A medida é vista como crucial para que os países do bloco consigam diminuir sua dependência do gás natural fornecido pela Rússia, especialmente agora, depois de Moscou sinalizar a possibilidade de uma interrupção total do fornecimento no contexto da crise geopolítica causada pela guerra na Ucrânia.

Pelo acordo anunciado em Baku, capital do Azerbaijão, o país do Cáucaso aumentará o fornecimento de gás natural para a UE para pelo menos 20 bilhões de metros cúbicos até 2027, através da expansão do atual gasoduto que leva o combustível para a Europa. Ao mesmo tempo, o entendimento garante um aumento imediato do volume de gás para os consumidores europeus, que deve passar para 12 bilhões até o final deste ano. A UE também afirmou que apoiará a indústria azerbaijana com medidas para diminuir as emissões de metano atreladas à exploração de gás natural.

Se comparado com o volume total de gás natural russo consumido pelos países europeus, o acordo com o Azerbaijão não muda muito a dependência dos europeus do combustível de Moscou. A aposta está no longo prazo: os países da UE concordaram em acabar com a compra de gás russo até 2027 como resposta à agressão do governo de Vladimir Putin à Ucrânia.

Mas a aposta não é isenta de questionamentos. O Guardian, por exemplo, destacou a irritação de grupos de defesa dos Direitos Humanos com o acordo. A Human Rights Watch declarou que a proposta deveria ter sido condicionada a reformas políticas no país do Cáucaso, especialmente a libertação de prisioneiros políticos e o fim da repressão a organizações da sociedade civil. O temor é que o governo azerbaijano utilize os recursos obtidos com a venda de gás para se manter no poder e continuar reprimindo sua população. 

Entretanto, como a visita recente de Joe Biden à Arábia Saudita mostrou, a crise energética está forçando uma mudança nos objetivos políticos dos países, inclusive na questão climática. A coisa deve ficar mais sensível nas próximas semanas, por conta dos reflexos da onda de calor sobre o consumo de energia na Europa. Como assinalado pela Bloomberg, o aumento da demanda está colocando pressão adicional sobre o grid elétrico do continente, ao mesmo tempo em que as usinas estão operando com níveis mais baixos de geração elétrica para não comprometer seus equipamentos.

 

ClimaInfo, 20 de julho de 2022.

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