Crise energética e boom do consumo deixa carvão mais caro e mais sujo

1 de agosto de 2022
crise energética carvão
Nikkey Asia/Ken Kobayashi

Mais do que ampliar o consumo de carvão, a crise energética causada pelo conflito entre Rússia e Ucrânia está afetando também o mapa dos fluxos globais carvoeiros, aumentando a pegada de carbono de um combustível já excessivamente sujo.

Como a Nikkei explicou, o mercado energético europeu está recorrendo a outros fornecedores de carvão para substituir o combustível que antes vinha da Rússia, especialmente Canadá, Austrália e Indonésia. Por conta da distância geográfica maior entre esses países e a Europa, as cargas de carvão precisam percorrer rotas mais longas para chegar aos consumidores europeus – e, com isso, gastar mais combustível no transporte marítimo.

Para efeito de comparação, enquanto o transporte do carvão russo para a Europa custa em torno de três dias, os carregamentos da Ásia e da Oceania podem levar semanas para chegar aos portos europeus. Além de aumentar a pegada de carbono do combustível, o preço dele está crescendo, impulsionado pela demanda maior ao redor do mundo. O Valor também publicou essa reportagem.

O aperto energético causado pelas tensões entre Europa e Rússia fez com que a Alemanha baixasse a bola em suas pretensões para deixar de queimar carvão na geração elétrica. Minas abandonadas há uma década estão sendo reativadas para garantir o fornecimento de combustível e driblar o risco de um apagão por causa dos cortes no fornecimento de gás russo para o mercado alemão. O problema é que esse movimento vai contra as metas climáticas de Berlim e pode dificultar seu cumprimento no longo prazo – especialmente a meta de abandonar totalmente o uso de carvão até 2030. Guardian e Washington Post destacaram a retomada carvoeira na Alemanha e os riscos para a estratégia climática do país.

O cenário é parecido na Grécia. A CNN explicou que nem mesmo os eventos extremos que se avolumaram nos últimos tempos no país do sul da Europa conseguiu derrubar o carvão como fonte importante de energia. No ano passado, o governo grego chegou a prometer o fechamento de todas as suas usinas térmicas a carvão até 2023, em linha com os compromissos climáticos de Atenas sob o Acordo de Paris. Entretanto, a crise energética fez com que esse prazo fosse jogado para 2025, com a possibilidade de que o carvão siga sendo queimado no mercado grego até pelo menos 2028. Em junho de 2021, o carvão gerou 253,9 GWh de eletricidade no país; no mesmo mês, em 2022, a geração quase dobrou, chegando a 438 GWh.

 

ClimaInfo, 2 de agosto de 2022.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.

Continue lendo

Assine nossa newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Glossário

Este Glossário Climático foi elaborado para “traduzir” os principais jargões, siglas e termos científicos envolvendo a ciência climática e as questões correlacionadas com as mudanças do clima. O PDF está disponível para download aqui,
1 Aulas — 1h Total
Iniciar