Queimadas na Amazônia aumentam 8% em julho, diz INPE

queimadas Amazônia 2022
© Christian Braga / Greenpeace

Dados do INPE indicam que as queimadas aumentaram na Amazônia no último mês. Foram detectados 5.373 focos de incêndio em julho, número 8% superior ao registrado no mesmo mês no ano passado (4.977). Por outro lado, o total de focos de incêndio em julho foi 21% menor do que o detectado em julho de 2020 (6.803). Os incêndios amazônicos se concentraram no Pará (31,3%), Amazonas (26,6%) e Mato Grosso (22,3%).

Na semana passada, o Greenpeace Brasil fez uma série de sobrevoos de monitoramento no sul do Amazonas e em Rondônia, onde encontrou inúmeros flagrantes de queimadas. “Este é só o início do verão amazônico, estação com menos chuvas e umidade, onde infelizmente a prática de queimadas e incêndios florestais criminosos explode, seja para queimar as áreas que foram derrubadas recentemente e deixadas para secar ou mesmo queimando áreas de florestas que já foram degradadas pela extração ilegal de madeira, por exemplo”, explicou Rômulo Batista, porta-voz da entidade.

O crescimento das queimadas acontece mesmo sob a vigência de um decreto federal que proibiu o uso de fogo em todo o país desde 23 de junho. O fogo tem causado preocupação na Amazônia desde o final da temporada de chuvas: em junho, o INPE registrou 2.562 focos de incêndio, o pior índice para o mês em 15 anos. Só no 1º semestre de 2022, foram identificados 7.553 focos de incêndio, a maior marca para o semestre desde 2019. Carta Capital, g1 e Nexo Jornal repercutiram essas informações.

Por falar no INPE, Carlos Madeiro conversou no UOL com o ex-diretor do instituto, o cientista Ricardo Galvão. Um dos nomes mais reconhecidos da ciência brasileira, Galvão foi demitido em 2019, no auge da explosão do desmatamento e das queimadas na Amazônia daquele ano, por causa da contrariedade do presidente da República com os dados do instituto sobre a devastação ambiental no país. Galvão se prepara para concorrer à Câmara dos Deputados nas eleições deste ano e quer construir uma coalizão de parlamentares engajados com a proteção do meio ambiente, independente de posições partidárias e ideológicas. “A defesa do meio ambiente tem de ser transversal, senão atrapalha a causa”, disse Galvão. “O ‘fim do mundo’ tem de estar acima das ideologias partidárias, tem de estar em todos os ministérios”.

Em tempo: No Valor, Daniela Chiaretti escreveu sobre a preocupação de pesquisadores com a reconstrução da BR-319, liberada pelo IBAMA na semana passada, debaixo de bastante pressão política do governo federal. O principal problema está no impacto potencial da obra sobre os índices de desmatamento no sul do Amazonas, uma área que vem se consolidando como uma nova fronteira do desmate. “O avanço do desmatamento no sul do AM é muito preocupante porque ali é o último grande maciço verde preservado do bioma e está sob forte pressão no caminho da BR-319”, explicou Tasso Azevedo, coordenador do MapBiomas.

 

ClimaInfo, 2 de agosto de 2022.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.