O Alto-Comissariado da ONU para Refugiados (UNHCR) fez um apelo à comunidade internacional nesta 3a feira (30/8) por um “aumento maciço” da ajuda emergencial para as vítimas das fortes chuvas de monção que atingiram o Paquistão nas últimas semanas. O número de mortes confirmadas pelo governo paquistanês já supera os 1,1 mil desde junho, quando a temporada atual começou, com mais de 30 milhões de pessoas afetadas por enchentes-relâmpago e deslizamentos de terra. A ONU quer arrecadar US$ 160 milhões em ajuda imediata para fornecer alimentos, água, habitação emergencial e serviços médicos e hospitalares a 5,2 milhões de pessoas.
“O povo paquistanês está enfrentando uma monção com esteróides”, afirmou o secretário-geral da ONU, António Guterres, que também destacou o impacto da mudança do clima sobre os países mais pobres. “O sul da Ásia é um dos pontos críticos da mudança climática global. As pessoas que vivem nessa região têm 15 vezes mais chances de morrer devido aos impactos climáticos. À medida que continuamos a ver cada vez mais eventos climáticos extremos em todo o mundo, é ultrajante que a ação climática esteja sendo colocada em segundo plano, pois as emissões globais de gases de efeito estufa ainda estão aumentando, colocando todos nós – em todos os lugares – em perigo crescente”, disse Guterres.
Como parte do apelo, o governo dos Estados Unidos anunciou o envio de mais de US$ 30 milhões em ajuda humanitária para o Paquistão, por meio de sua Agência para o Desenvolvimento Internacional (USAID). “Com esses fundos, os parceiros da USAID darão prioridade ao apoio urgentemente necessário para alimentação, nutrição, dinheiro multifuncional, água potável, saneamento e higiene melhorados e assistência a abrigo”, afirmou a agência.
No NY Times, Manuela Andreoni explicou como a mudança do clima pode estar intensificando a força das chuvas de monção no sul da Ásia. Os dados desta temporada já apontam para a anormalidade: a média das chuvas desde junho em todo o país está quase três vezes acima da média nacional dos últimos 30 anos. Na província de Sindh, que faz fronteira com o Mar da Arábia ao sul, a precipitação está quase cinco vezes acima da média. Ao mesmo tempo, as dificuldades econômicas enfrentadas pelo Paquistão atualmente também têm um peso no desastre atual: sem recursos para adaptação climática, o país está totalmente à mercê dos eventos extremos, o que aumenta o impacto em termos de perdas materiais e de vidas humanas.
Associated Press, BBC, Bloomberg, Climate Home, CNN, Guardian, Reuters e Washington Post, entre outros, destacaram o apelo da ONU e o impacto das chuvas no Paquistão.
ClimaInfo, 31 de agosto de 2022.
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