Ruptura de gasoduto europeu causa o maior vazamento de metano já registrado

vazamento gasodutos russos
Defesa Dinamarca, via Agence France-Presse — Getty

Autoridades da Dinamarca confirmaram no último final de semana que os gasodutos Nord Stream 1 e 2 pararam de vazar. Na semana passada, explosões submarinas de causa ainda desconhecida comprometeram os canos que transportam gás natural da Rússia para a Europa pelo Mar Báltico, resultando em um megavazamento de combustível.

Nesta 3ª feira (4/10), no entanto, a Guarda Costeira da Suécia afirmou que um dos vazamentos identificados em sua área marítima exclusiva no Báltico ainda está liberando gás para a atmosfera, ainda que em volume menor do que na semana passada. Bloomberg e NY Times deram mais informações.

Especialistas ouvidos pela Associated Press estimam que os vazamentos do Nord Stream podem ter provocado a maior liberação de metano já registrada em todo o mundo, com cerca de meio milhão de toneladas subindo para a atmosfera. Isso é aproximadamente cinco vezes maior do que o pior incidente registrado até agora, em Aliso Canyon, na Califórnia, em 2015 e 2016. A New Scientist também abordou essa informação.

O volume é grande, mas não chega nem a fazer cócegas ao que é liberado todos os anos pela indústria de petróleo e gás em todo o mundo. Como bem assinalou a Bloomberg, especula-se que a extração de combustíveis fósseis emita anualmente cerca de 80 milhões de toneladas métricas de metano. A maior parte dessa liberação acontece por vazamentos evitáveis no processo de extração. 

“Por mais maciça que seja a liberação de metano de Nord Stream – e parece estabelecer um novo recorde – essas emissões são ofuscadas pelo que a indústria de petróleo e gás libera rotineiramente”, disse Antoine Halff, analista-chefe da agência de geoanálise Kayrros SAS.

Sobre a causa dos vazamentos, as principais suspeitas dos países europeus recaem sobre Moscou. Para eles, o governo russo pode ter apelado para a sabotagem intencional do gasoduto para dobrar a pressão sobre a União Europeia por conta do apoio dado à Ucrânia na guerra contra a Rússia e das sanções aplicadas por Bruxelas contra Vladimir Putin e seus aliados. 

Segundo  francês Le Monde, a Dinamarca e a Suécia reforçaram a presença militar nas áreas do Báltico sobre Nord Stream, além da proteção de outros pontos estratégicos da infraestrutura energética nacional. 

Já a Foreign Policy abordou as investigações sobre o vazamento, que podem provocar novas tensões entre Rússia e a Europa.

Enquanto isso, a Europa segue contando nos dedos a quantidade de gás necessária para garantir sua segurança energética durante o inverno. 

O Guardian divulgou uma análise do Centro Europeu de Previsões Meteorológicas (ECMWF) que sugere um frio mais intenso nos próximos meses, o que pode aumentar a pressão sobre o fornecimento de eletricidade. 

Já a Bloomberg apontou o impacto da busca frenética dos europeus por gás natural no mercado internacional; por conta disso, os preços do combustível seguem altos globalmente, prejudicando a demanda de outras nações que também importam gás.

 

ClimaInfo, 05 de outubro de 2022.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.