Em uma manifestação pouco usual entre países anfitriões das negociações climáticas da ONU, o governo do Egito alertou sua contraparte no Reino Unido contra “retrocessos na agenda climática global”.
Os dois países terão peso importante na próxima Conferência do Clima (COP27), a ser realizada no mês que vem em Sharm el-Sheikh, já que o atual presidente das negociações, o britânico Alok Sharma, passará o bastão ao ministro egípcio Sameh Shoukry.
De acordo com o Guardian, a manifestação egípcia aconteceu logo após o governo britânico confirmar que o rei Charles III não deverá participar da COP27, nem a nova primeira-ministra Liz Truss.
Em Londres, especula-se que o monarca queria viajar ao Egito para a abertura da COP, mas que foi proibido por Truss por conta de seu papel constitucional como chefe de Estado. O governo egípcio esperava a presença de Charles e fez um convite formal diretamente ao Palácio de Buckingham.
“O presidente designado da COP está desapontado com esses relatos. A presidência egípcia da Conferência do Clima reconhece o compromisso de longa data e forte de Sua Majestade com a causa climática, e acredita que sua presença seria de grande valor agregado para a visibilidade da ação climática neste momento crítico. Esperamos que isso não indique que o Reino Unido está recuando da agenda climática global depois de presidir a COP26”, disse um porta-voz do ministério do exterior egípcio.
Mesmo com a ausência de Charles, as autoridades do Egito esperam que cerca de 90 líderes internacionais participem da abertura da Conferência de Sharm el-Sheikh. Segundo a Reuters, os anfitriões querem inovar: ao invés do tradicional discurso de plenário, a ideia dos organizadores da COP27 é realizar “mesas redondas” para discutir temas específicos, como hidrogênio verde, água e segurança alimentar.
Ainda sobre a COP, o Guardian repercutiu a reação negativa de ativistas e ambientalistas ao acordo de patrocínio com a Coca-Cola.
A principal bronca está no impacto da gigante de bebidas sobre a produção de plástico; esse problema é particularmente grave na África, onde diversas comunidades sofrem com a poluição por plástico e a falta de iniciativas de reciclagem e redução do consumo.
“Eles [Coca-Cola] precisam reconhecer que isso é um problema ou explicar como cumprirão suas metas climáticas sem acabar com o vício em plástico. Esta parceria põe em xeque o próprio objetivo do evento que eles pretendem patrocinar”, reclamou John Hocevar, do Greenpeace norte-americano.
ClimaInfo, 05 de outubro de 2022.
Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.