Próxima pandemia pode vir do degelo do Ártico, alerta estudo

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Donald Slater/University of Edinburgh/PA

Um novo estudo explorou uma possibilidade preocupante no contexto da crise climática. A intensificação do degelo no Ártico, resultado do aumento da temperatura média da Terra decorrente das emissões de gases de efeito estufa, pode abrir uma “Caixa de Pandora” de doenças novas que passaram os últimos milênios congeladas e que, agora, poderão circular livremente.

Pesquisadores da Universidade de Ottawa (Canadá) fizeram uma análise genética de sedimentos do solo e do lago Hazen, o maior lago de água doce do Ártico, e identificaram um risco de transbordamento – quando um agente de contágio (vírus ou bactéria) “pula” para novos organismos hospedeiros. Os resultados do estudo sugerem que o risco de transbordamento é maior em locais próximos de grandes corpos d’água, alimentados em grande parte pelo degelo de coberturas de neve e calotas.

Esse não é um cenário inédito. Em 2016, um surto de antraz no norte da Sibéria causou a morte de uma criança e infectou outras sete pessoas; especialistas sustentam que a doença surgiu a partir do derretimento do permafrost, que acabou expondo a carcaça de uma rena infectada.

“A única conclusão que podemos afirmar com confiança é que, à medida que as temperaturas estão subindo, o risco de transbordamento nesse ambiente específico está aumentando. Isso levará a pandemias? Não sabemos dizer”, afirmou a cientista Stéphane Aris-Brosou, uma das autoras do estudo, ao Guardian.

O estudo foi publicado na revista Proceedings of the Royal Society B, e também foi repercutido por Daily Mail e Science Alert.

Em tempo: Eis uma daquelas notícias que dão calafrios. De acordo com a Associated Press, a Flórida registrou um aumento nos casos de bactérias carnívoras nas últimas semanas depois da passagem do furacão Ian. As autoridades norte-americanas confirmaram pelo menos 65 casos de infecção pela bactéria Vibrio vulnificus, quase duas vezes o número registrado no ano passado (34), com 11 mortes. As pessoas foram alertadas para o risco de contaminação, especialmente aquelas com feridas abertas, cortes ou arranhões que podem ser expostos à água com a presença dessa bactéria.

 

ClimaInfo, 21 de outubro de 2022.

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