O mundo está muito perto de estourar seu orçamento de carbono, de acordo com a mais recente edição do Global Carbon Budget (Orçamento Global de Carbono), lançado na COP27. De acordo com o estudo, estamos brincando de roleta russa com metade das balas no revólver: se a taxa atual de emissões de gases de efeito estufa continuar, há 50% de chance de o mundo ultrapassar o limite de 1,5°C de aquecimento global em apenas nove anos.
Contrariando promessas de mitigação, os países devem emitir mais 1% de CO2 este ano, superando os níveis pré-pandêmicos. Pode parecer pouco, mas não é: são mais de 300 milhões de toneladas de poluição adicionais, o equivalente ao produzido por até 100 milhões de carros americanos dirigidos por um ano.
Cerca de 40% do dióxido de carbono vem da queima de carvão, 33% do petróleo e 22% do gás natural.
A China vai na contramão: suas emissões devem diminuir 1% este ano. Mas as da Índia devem aumentar 6% e as dos EUA, 1,5%. O desmatamento também é responsável pelo aumento das emissões este ano. Indonésia, Brasil e República Democrática do Congo respondem por 58% das emissões globais causadas por mudanças no uso da terra.
Estes números não podem ser considerados tendência, já que as emissões de 2022 foram afetadas pelo restabelecimento da aviação comercial pós-pandemia e o maior uso de carvão e gás em decorrência da guerra na Ucrânia, entre outros fatores atípicos. Porém, o relatório aponta que a taxa de aumento nas emissões globais de combustíveis fósseis está mostrando sinais de desaceleração, subindo cerca de 0,5% ao ano nesta década, em comparação com 3% há duas décadas, quando o crescimento econômico da China entrou em seu estágio mais intensivo em combustíveis fósseis.
Aqui, o relatório foi notícia no Valor. Lá fora, foi divulgado por Bloomberg, AP, Reuters, New York Times, Washington Post, Financial Times e BBC.
A edição 2022 do Global Carbon Budget pode ser consultada aqui.
ClimaInfo, 18 de novembro de 2022.
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