Influência de petroleiras sobre sede da COP28 causa preocupação

COP27 lobby fóssil
UAE Presidential Court/Reuters

Depois de uma Conferência do Clima com resultados agridoces, especialistas e ativistas climáticos temem que a próxima COP28, programada para acontecer nos Emirados Árabes Unidos (EAU) no próximo ano, seja palco para mais um “espetáculo” do lobby petrolífero nas negociações climáticas da ONU.

O Guardian destacou essa preocupação, ressaltando que a presença de empresas e representantes do setor na COP27 de Sharm el-Sheikh nas últimas semanas foi nitidamente mais forte do que em outras rodadas de negociação. Da mesma forma, alguns dos principais exportadores de petróleo do mundo, como Arábia Saudita e Rússia, fizeram jogo duro para eliminar qualquer menção negativa aos combustíveis fósseis no texto final da COP27, o que foi bem-sucedido.

Assim, a pressão do Big Oil deve ser ainda mais forte na COP28, já que os EAU figuram entre os maiores exportadores de combustíveis fósseis do mundo. “Os Emirados Árabes são um país com algumas das maiores reservas de petróleo do mundo, com o desejo de continuar a expandir e aumentar a produção de combustíveis”, alertou Matthew Hedges, especialista em economia política. “Haverá um esforço para ilustrar seu envolvimento em energias renováveis, particularmente solar e nuclear, mas há questões a serem feitas sobre como você pode se envolver com ações tão conflitantes”.

Em tempo: Já sobre o Egito, que seguirá presidindo as negociações climáticas da ONU até a abertura da próxima COP, o legado deixado pela COP27 é complicado. Como a Bloomberg assinalou, as promessas ambiciosas da ditadura egípcia se chocam com a pobreza extrema e a repressão política, ao mesmo tempo em que o país se torna cada vez mais exposto a riscos climáticos desastrosos. O governo egípcio terá que se equilibrar em meio a um cenário interno e externo bastante desafiador, somado à pressão internacional que deve prosseguir no próximo ano.

 

ClimaInfo, 23 de novembro de 2022.

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