Sobra falatório, falta liderança política nas negociações climáticas da ONU

COP27 falta de liderança
UNFCCC COP27 Flickr

O texto final da COP27 cita o objetivo do Acordo de Paris para limitar o aquecimento global em 1,5ºC neste século e, ao menos no papel, reforça o compromisso dos países em torno dessa meta. No entanto, para o climatologista Jonah Rockström, uma das maiores autoridades do mundo no tema, esse objetivo morreu politicamente em Sharm el-Sheikh.

“O que é mais perturbador é que não há um número suficiente de pessoas incomodadas com o fato de que o mundo não irá dar conta de pagar perdas e danos a todos se o aquecimento continuar sem diminuir”, ressaltou Rockström em entrevista ao Valor. “O mundo precisa reduzir as emissões globais em 50% em um prazo de sete anos. No entanto, em Sharm el-Sheikh, ainda ficamos discutindo se vamos reduzir ou eliminar gradualmente o carvão. E não estávamos sequer dispostos a falar sobre reduzir ou eliminar todos os combustíveis”.

A decepção também é grande na questão do financiamento. Na Folha, o embaixador José Carlos da Fonseca Jr. e o ex-governador do Espírito Santo Paulo Hartung lamentaram a falta de avanços na luta contra a mudança do clima e a ausência de liderança de países e organizações na COP27. “O momento é de alerta, inclusive, para o Brasil, que tem um papel estratégico na agenda climática”.

Nesse sentido, como bem assinalou o Washington Post, a definição em torno das regras do fundo para perdas e danos, programada para acontecer ao longo do próximo ano para ser concluída na COP28, será vital para que os países consigam efetivamente avançar na questão do financiamento.

“Temos o fundo, mas precisamos de dinheiro para fazê-lo valer a pena”, disse Mohamed Adow , diretor-executivo do think tank Power Shift Africa, com sede em Nairóbi. “O que temos é um balde vazio. Agora precisamos preenchê-lo para que o apoio possa fluir para as pessoas mais impactadas que estão sofrendo agora nas mãos da crise climática”.

 

ClimaInfo, 23 de novembro de 2022.

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