MPF detalha esquema de garimpo ilegal na Terra Yanomami

garimpo ilegal Terras Yanomami
BRUNO KELLY / REUTERS

O esquema criminoso que explora garimpos ilegais na Terra Indígena Yanomami se utilizou de uma licença irregular e com “inconsistências graves” para justificar a exploração mineral, assinalou o Ministério Público Federal (MPF) em Roraima. A notícia é da Folha.

Entre os denunciados, está o empresário Rodrigo Martins de Mello, conhecido como “Rodrigo Cataratas”, chefe de um movimento pró-garimpo no estado e candidato bolsonarista derrotado à Câmara dos Deputados. De acordo com o MPF, ele seria o líder dessa organização criminosa.

A licença utilizada por Rodrigo para justificar a exploração foi emitida pela Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (FEMARH) de Roraima, órgão ambiental do governo estadual. No entanto, o documento cita uma área sem mineração aparente, fora da Terra Yanomami, o que indica uma tentativa de “lavar” os minérios explorados ilegalmente dentro da reserva.

A denúncia cita também a “poderosa engrenagem logística e econômica” que viabiliza o garimpo no território indígena, com dezenas de helicópteros a serviço dos criminosos. Aliás, uma dessas aeronaves teria sido utilizada pelo empresário em atos pró-Bolsonaro no último 7 de setembro, estilizada com elementos da bandeira nacional.

Enquanto isso, um grupo de garimpeiros incendiou na última 3ª feira (6/12) a unidade básica de saúde indígena (UBSI) de Homoxi, na Terra Yanomami. Segundo a Urihi Associação Indígena, citada pela Folha de Boa Vista, a ação teria sido uma resposta às operações realizadas nas últimas semanas pela Polícia Federal e pelo IBAMA contra o garimpo dentro da reserva. A UBSI incendiada estava fechada desde setembro de 2021 em decorrência das ameaças dos garimpeiros que atuam na região aos profissionais de saúde.

Em tempo: O avanço do crime organizado na Amazônia é a maior ameaça à soberania brasileira naquela região, afirmou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso. Em entrevista à Reuters, o magistrado defendeu ações mais enérgicas do poder público para enfrentar os criminosos que atuam e se escondem na floresta. A Folha publicou uma tradução da matéria.

 

ClimaInfo, 9 de dezembro de 2022.

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