Fim de subsídios antiambientais divide países na COP15

COP15 subsídios antiambientais
UN Biodiversity

Um dos pontos em debate na Conferência da ONU sobre Biodiversidade (COP15), que acontece em Montreal (Canadá) desde a semana passada, é a definição de um objetivo para os países acabarem com subsídios que apoiem atividades econômicas prejudiciais ao ambiente, como a pesca e a agricultura insustentáveis. E, como era de se esperar em temas espinhosos, a negociação é difícil.

Existe uma divisão evidente entre os países, observou Sebastián Rodríguez no Climate Home. Enquanto a União Europeia defende medidas que eliminem ou redirecionem esses subsídios para atividades com efeito positivo sobre a natureza, Índia e Japão se opõem à sua erradicação.

Não é uma decisão banal. Uma análise feita pela Business for Nature em fevereiro estimou que US$ 1,8 trilhão seja gasto a cada ano para subsidiar atividades destrutivas para o meio ambiente, como produção de combustíveis fósseis, monoculturas e pesca predatória.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, ressaltou na abertura da COP15 que os países precisam enfrentar a questão para avançar na proteção da biodiversidade. “[Precisamos de um acordo] que aborde as causas dessa destruição – subsídios prejudiciais, investimentos mal-direcionados, sistemas alimentares insustentáveis e padrões mais amplos de consumo e produção.”

Os países também discutem a meta de proteção de 30% do território terrestre e marinho até 2030, um dos principais destaques da agenda da conferência. No Valor, a jornalista Daniela Chiaretti comparou o “30×30”, como foi batizado, ao limite de 1,5oC para o aquecimento global definido pelo Acordo de Paris em 2015, dada sua importância.

Nos dois casos, problemas políticos e práticos dificultam o cumprimento desses objetivos. “Como nas negociações climáticas, países em desenvolvimento querem recursos adequados para preservar. A sete dias do fim da COP15, países ricos não acenaram com a mobilização de grandes recursos”, escreve.

Em tempo: Antes da COP15, muito se falou da importância de termos um “momento de Paris” para inspirar as negociações sobre biodiversidade em Montreal. A conotação política era clara: em face ao problema ambiental crônico enfrentado por todos, os países se uniriam para uma resposta multilateral consensual. No entanto, como assinalou Stella Paul na Earth Journalism Network (EJN), a negociação até agora tem mais sinais de preocupação e desânimo do que inspiração e resolução. “Claramente, criar um momento de Paris na COP15 exigirá uma correção de curso em grande escala e liderança e urgência muito maiores do que vimos da ONU e dos governos até o momento”, escreveu.

 

ClimaInfo, 14 de dezembro de 2022.

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