Geoengenharia no espaço: astrofísicos defendem “escudo antiaquecimento” terrestre na Lua

escudo antiaquecimento
Richard A Brooks/AFP

Parece coisa de inventor maluco, mas vamos lá. Três astrofísicos norte-americanos publicaram um artigo na PLOS Climate no qual fazem uma proposta no mínimo curiosa: ao invés de apenas cortar emissões ou absorver o carbono retido na atmosfera, eles sugerem a instalação de uma “arma de poeira” na Lua para desviar os raios do Sol que aquecem a Terra.

De acordo com eles, essa proposta de geoengenharia lunar criaria um “escudo” que bloquearia parcialmente a entrada da luz solar na atmosfera terrestre. Essa poeira seria retirada da própria Lua, sendo depois “ejetada balisticamente” para um ponto no espaço 1,6 milhão de quilômetros da Terra. 

“Os grãos naturais de poeira lunar têm o tamanho e a composição certos para dispersar a luz solar da Terra com eficiência”, disse ao Guardian Ben Bromley, astrofísico teórico da Universidade de Utah (EUA), que liderou o estudo. “Como é preciso muito menos energia para lançar esses grãos da superfície da Lua, em comparação com um lançamento da Terra, a ideia do ‘moonshot’ realmente se destacou para nós.”

Os próprios autores, no entanto, levantam as limitações do projeto. Primeiro, ele precisaria funcionar continuamente, sob o risco de criar um “choque de terminação” – ou seja, quando o resfriamento temporário é interrompido abruptamente e permite um aquecimento rápido e intenso. Além disso, os cientistas envolvidos na proposta reiteram que a medida seria complementar aos esforços de mitigação das emissões de gases de efeito estufa na Terra. 

“Nada deve nos distrair da redução das emissões de gases de efeito estufa. Nossa estratégia pode ser apenas um ‘tiro na Lua’, mas devemos explorar todas as possibilidades, caso precisemos de mais tempo para fazer o trabalho aqui em casa”, afirmou Bromley.New Scientist, The Telegraph e Washington Post também abordaram essa proposição peculiar. Esperamos que cenários rocambolescos como esse nunca sejam discutidos com seriedade, e sim que os grandes emissores de gases estufa façam a lição de casa – e logo.

ClimaInfo, 9 de fevereiro de 2023.

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