PF mira empresa suspeita de “lavar” ouro garimpado na Terra Yanomami

lavagem de ouro
Divulgação PF

A Polícia Federal realizou nesta 3ª feira (28/2) mais uma operação de combate aos financiadores do garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami. A operação “Nau dos Quintos” cumpriu três mandados de busca e apreensão em Roraima de pessoas suspeitas de utilizarem uma empresa de materiais de construção para movimentar valores para aquisição de ouro de origem criminosa.

Segundo a PF, os suspeitos receberam valores de centenas de pessoas físicas e jurídicas relacionadas com o comércio de ouro – algumas, inclusive, alvos de investigações anteriores. O proprietário da empresa teria movimentado sozinho mais de R$ 160 milhões. No total, a PF estima que o grupo movimentou R$ 271 milhões em um período de quatro anos.

Essa é a terceira operação realizada pela PF contra pessoas e empresas suspeitas de envolvimento com o garimpo ilegal na Terra Yanomami no último mês. As ações fazem parte dos esforços do governo federal para expulsar garimpeiros e outros invasores do território indígena, cuja população ainda sofre com uma grave crise humanitária. A operação teve grande repercussão na imprensa, com destaque em Band, CNN Brasil, Estadão, g1, Metrópoles, O Globo e UOL, entre outros.

Já na Terra Yanomami, a retirada dos garimpeiros vem sendo encabeçada pelo IBAMA. O jornalista Tom Phillips, do Guardian, acompanhou o trabalho dos agentes ambientais na região do Xitei, uma das mais isoladas do território e alvo frequente dos garimpeiros em busca de ouro e cassiterita.

“Esta região foi absolutamente devastada”, lamentou Felipe Finger, comandante do Grupo Especial de Fiscalização (GEF) do IBAMA. “Existem aldeias que agora estão completamente cercadas pelo garimpo”. A reportagem publicou imagens que deixam evidente a destruição florestal causada pela atividade garimpeira no território Yanomami.

Já n’O Globo, Míriam Leitão destacou a colaboração “pontual e insignificante”, como disse uma fonte, das Forças Armadas às ações de retirada do garimpo da Terra Yanomami. Isso tem dado fôlego aos garimpeiros que insistem em permanecer na reserva, como o ataque a uma base federal no rio Uraricoera na semana passada deixou evidente.

Em tempo: O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, deve definir o destino da comissão temporária sobre a crise Yanomami, que foi “sequestrada” pelos senadores pró-garimpo de Roraima. De acordo com Chico Alves no UOL, uma das ideias discutidas com os outros parlamentares do colegiado, os senadores Humberto Costa (PT-PE) e Eliziane Gama (PSD-MA) é a adição de outros três parlamentares ao grupo, de forma a diluir o controle da bancada de RR. Como abordado aqui, os senadores sugerem a possibilidade de abandonar a comissão caso não haja nenhuma mudança em sua composição.

ClimaInfo, 1º de março de 2023.

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