Uma investigação jornalística internacional mostrou como madeireiras teoricamente certificadas por boas práticas na exploração e comercialização de madeira estão cometendo crimes ambientais e acumulando milhões de reais em multas.
O Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), com envolvimento da agência A Pública, Poder360 e piauí, identificou ao menos 60 empresas certificadas pelo Forest Stewardship Council (FSC) e com unidades industriais na Amazônia Legal que já foram autuadas pelo IBAMA, com multas somadas superiores a R$ 100 milhões. Entre os crimes cometidos, estão desmatamento ilegal, transporte de madeira sem documentação, fraude em guias florestais e grilagem de terras, entre outros.
A certificação ambiental de empresas com passivos ambientais não se resume ao Brasil. Em todo o mundo, a investigação levantou mais de 300 empresas com chancela do FSC e outras certificadoras de produtos florestais com acusações de crimes ambientais. Este quadro evidencia a fragilidade dos esquemas de certificação, que acabam sendo utilizados por empresas criminosas para greenwashing.
Um exemplo identificado no Brasil é o da madeireira Juruá Florestal, uma das primeiras a receber o selo do FSC no país. A despeito desse reconhecimento e de seus compromissos públicos de respeito aos mais altos padrões ambientais em sua operação, a empresa segue cometendo crimes ambientais, com multas de R$ 1,6 milhão por desmatamento sem autorização e transporte de madeira sem documentação.
“Identificamos falta de consistência em vários certificados deles [do FSC], inclusive no Brasil. Infelizmente, o FSC faz vista grossa para muitas empresas, porque depende do setor privado e é muito pressionado pelas madeireiras”, afirmou Daniel Brindis, do Greenpeace.
A Deutsche Welle também abordou a investigação.
ClimaInfo, 6 de março de 2023.
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