Novos investimentos em carvão colocam China na contramão global

China energia
Shubert Cienca/Flickr

Um levantamento do think tank E3G mostrou um quadro curioso do mercado global de carvão para energia. Enquanto o resto do mundo está se distanciando desse combustível fóssil, a China prevê um boom de novos projetos energéticos com essa fonte.

De acordo com a análise, a China sozinha responde por 72% da capacidade global planejada para carvão, um aumento de seis pontos percentuais em relação ao cenário de julho de 2022. No último semestre, a capacidade planejada cresceu 77 GW na China, que soma agora 250 GW de previsão de novo potencial energético por carvão. Em comparação, no resto do mundo a capacidade planejada para o carvão é de 97 GW.

O impulso chinês ao carvão está impactando também os esforços globais para reduzir o consumo desse combustível. Em julho passado, o total de novos projetos energéticos de carvão estava cerca de 75% menor em relação a 2015, quando o Acordo de Paris foi assinado. Agora, esse índice é ligeiramente menor, com queda de 72%.

Ainda segundo o levantamento, todas as regiões do mundo fora da China viram um declínio ou estabilização na escala de novos projetos de carvão em consideração no 2º semestre de 2022. Apenas sete projetos foram propostos em todo o mundo fora da China: seis reativados na Índia e um novo projeto na Indonésia.

O monitoramento de novos projetos de carvão também indicou que a América do Norte foi a 2ª região do mundo a zerar essa previsão, depois da União Europeia. Já os países da OCDE estão próximos desse cenário. Por outro lado, o Brasil é hoje o único país das Américas com capacidade termelétrica a carvão em pré-construção.

Bloomberg, Climate Home e epbr repercutiram esses dados.

Em tempo: Grupos ambientalistas e indígenas entraram na justiça dos Estados Unidos contra a aprovação do polêmico projeto de exploração de petróleo em Willow, no Alasca. O governo de Joe Biden deu sinal verde para a iniciativa nesta semana, para irritação de ativistas climáticos. A ideia é barrar as obras no judiciário e forçar a Casa Branca a rever o projeto, tido como uma “bomba climática” por sua capacidade de produção, estimada em 600 milhões de barris de petróleo. A notícia é de Bloomberg e Reuters.

ClimaInfo, 16 de março de 2023.

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