Seca e incêndios voltam a assombrar países europeus

seca na Europa
REUTERS/Claudia Greco

O segundo inverno mais quente da história da Europa continua provocando estragos naquele continente. Além da seca prolongada, que já afeta a produção de diversas culturas agrícolas, agora a preocupação se dá com a temporada de incêndios – que está começando mais cedo que o habitual.

Na Itália, a produção de arroz deve cair, após o segundo ano consecutivo de seca reduzir a terra dedicada à colheita ao nível mais baixo em mais de duas décadas. O país responde por cerca de 50% do arroz produzido na União Europeia e é o único produtor mundial de tipos mais adequados para risoto, como o arborio e o carnaroli.

“A água está escassa. Estamos todos olhando para o céu”, disse à Reuters Roberto Magnaghi, diretor geral do Ente Nazionale Risi, uma consultoria pública que reúne dados sobre a rizicultura no país.

A seca prolongada também atinge as oliveiras da Espanha, o maior produtor de azeite de oliva do mundo, suprindo cerca de 40% da demanda global do produto. As ondas de calor durante a floração das oliveiras na primavera e uma forte seca desde o verão reduziram os estoques espanhóis, e também na Itália e em Portugal, informa a Reuters. Apenas a Grécia, o terceiro maior produtor europeu, não foi afetada pelos eventos climáticos, mas sua produção não é suficiente para cobrir os danos nos outros países.

Com isso, a associação de exportadores espanhóis ASOLIVA estima que haverá pelo menos 10% menos azeite disponível em todo o mundo este ano, em relação aos 3,1 milhões de toneladas produzidas na temporada anterior. E isso deve aumentar os preços do óleo vegetal em todo o planeta.

A seca também já faz a Espanha ser assolada por incêndios. Na 6ª feira (24/3), mais de 1.500 pessoas foram evacuadas após um grande incêndio florestal atingir a província de Castellón, no leste espanhol, marcando o início antecipado da temporada de incêndios do país em meio à estiagem, informa a ABC. “Estamos vendo o primeiro grande incêndio, infelizmente, este ano”, disse ele. “E também está ocorrendo fora de temporada”, disse o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez

Autoridades locais disseram que o fogo consumiu cerca de 3 mil hectares de terra desde que começou, na quinta-feira (23/3), forçando os moradores a se abrigarem em abrigos operados pela Cruz Vermelha e em outras instituições de caridade. Reuters, AP, Euronews e Al Jazeera também repercutiram o caso.

Mesmo antes da chegada do verão e do início da temporada de incêndios, a França já convive com o problema. Há oito meses, um incêndio atingiu o sudoeste francês e, embora aparentemente controlado, o fogo ainda arde no subsolo. Colunas de fumaça branca sobem do solo de uma floresta nos arredores da cidade de Hostens, ao sul de Bordeaux. O cheiro de pneus queimados é causado pelo carvão marrom no solo turfoso da área, que está alimentando o fogo no subsolo, explica a Reuters.

Em tempo: Pelo menos 26 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas no Mississipi e no Alabama, nos Estados Unidos, após a passagem de um tornado entre 6ª feira e sábado (24 e 25/3). Quatro pessoas estavam desaparecidas até a manhã de domingo (26/3), de acordo com o USA Today.Várias construções foram destruídas e milhares de residências tiveram o fornecimento de energia cortado. O tornado, com ventos entre 265 km/h e 320 km/h, de acordo com a ABC, permaneceu no solo por cerca de uma hora, informa a Reuters, e abriu um caminho de destruição de cerca de 274 km, segundo Nicholas Price, meteorologista do Serviço Nacional de Meteorologia em Jackson, Mississippi. Em nota, o presidente Joe Biden disse estar comovido com a destruição e ofereceu ajuda do governo federal para a recuperação das comunidades atingidas. Washington Post e BBC também trataram do assunto.

ClimaInfo, 27 de março de 2023.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.